Mesmo tremendo, ainda estou correndo atrás da Nami, ela está bem mais a frente, correndo, passando pelas árvores, ela conhece esse lugar melhor do que ninguém.
Vejo a luz da casa da Nojiko, ela está correndo na direção do pomar, acelero os passos, com as lágrimas se secando com o vento que bate no meu rosto.
- NAMI, PARA! - a voz da Nojiko gritava atrás de mim.
Apertei os passo, vejo duas sombras na frente da casa, Nami sai da floreste e passa pela casa, sem olhar para quem está na frente.
- NAMI, PARA! - foi minha vez de gritar.
Saio da floresta, vejo Luffy, Zoro, Usopp e Sanji me olhando, paro de correr e recupero o ar, colocando a mão sobre o machucado, apoio a minha mão livre sobre o joelho, com o corpo arcado para frente. Uma fumaça começa a subir da vila.
- Não! - minha voz sai embaçada, cansada.
- Nami! - a voz da Nojiko surge ao meu lado.
Arrumo a posição e olho para ela que me olha.
- Eu vou atrás dela, conta para o Luffy o que ela disse para você. - digo, voltando a correr.
Ela me olha, olha para as minhas mãos que estão tremendo, pisco, seguro o meu pulso e fecho os olhos, tento ignorar a tremedeira, nego com a cabeça e volto a correr na direção da Nami, passo pelos quatro, ouço Sanji me chamar, não viro para trás para responder, deixo que Nojiko conte o que aconteceu.
Viro no pomar, escorregando, quase caio, corro, passando pela fruta, vejo Nami parada mais a frente, paro de correr, recuperando o ar, me aproximo lentamente, Nami cai de joelhos, paro de andar, olho para a fumaça subindo, vejo o estrago feito por Arlong e seus homens.
- Arlong... - ela diz a voz dele em um sussurro.
Olho para o fogo, a lembrança da casa pegando fogo onde eu morava antes da minha mãe adotiva me vem a mente.
"Estava pegando fogo tão forte que eu ouvia gritos vindo de trás de mim, eu não escultava, apenas sentia as lágrimas escorrer por minhas bochechas gordinhas."
Sinto uma mão em meu pulso, pisco e vejo Luffy caminhar na direção da Nami, que enfia uma adaga em seu ombro, onda a tatuagem é visível, viro meu rosto para o lado, para ver quem estava segurando meu pulso, vejo a mão maior que a minha segurando meu pulso, subo o olhar lentamente, subindo pelo braço musculoso do Zoro, mesmo antes de ver seu rosto, sabia que era ele.
Lágrimas ainda escorrem por minhas bochechas, pisco várias vezes para parar de chorar, meus olhos encontram com os do Zoro que me olha, com carinho e respeito, volto a olhar para Luffy, ele ainda está caminhando na direção da Nami.
Sanji está de pé, um pouco mais a frente, Usopp está sentado de pernas cruzadas no chão, Zoro me puxa para o lado, eu ainda estou tremendo de medo, Zoro segura meus ombros me fazendo sentar na pedra, de costas para Nami, ele senta de lado para Luffy e Nami, cruza as pernas e coloca a catana do seu lado direito segurando pela mão esquerda.
Ele está de cabeça baixa e não me pergunta nada, apenas espera, Sanji acende um cigarro e Usopp começa a desenhar no chão, baixo a cabeça e olho para as minhas mãos, tremendo, solto o ar pela boca e fecho os olhos, seguro meu pulso apertando fortemente para poder parar de tremer, sinto a mão do Zoro sobre as minhas, não abro os olhos, apenas continuo com os olhos fechados.
Não consigo encarar Zoro e nem ninguém, porque eu não conseguia me encarar, não conseguia me aceitar, me fazia de forte, mas eu ainda era a criança assustada que sofreu abuso de um homem que estava na minha frente, ele tentou novamente, achando que eu iria aceitar. Lágrimas escorrem dos meus olhos, elas se juntam aos meus lábios, passo a língua sentindo salgado, o gosto gostoso das lágrimas, mas aquilo não me arranca sorriso.
- Ele estava lá Zoro! - digo baixo, somente para que Zoro ouça, sinto seu olhar sobre mim. - O homem de orelhas de rato. - abro os olhos. - Nezumi, esse é o nome dele. - não olho para ele. - Zoro, ele tirou tudo da Nami - fungo. -, tirou tudo de mim. - mais lágrimas caem. - Quando eu o vi, tudo voltou. - digo.
Zoro continua no silêncio, me escultando, segurando minha mão, abro os olhos e olho para frente, o pomar balançando com o vento que batia nelas e em meu corpo.
Eu precisava ser forte agora, Nami precisava da gente e eu estava atrapalhando, eu não precisava de atenção agora, a vida de várias pessoas estava em jogo e Nami precisava da nossa ajuda, mas... Eu não conseguia me mover, não conseguia parar de tremer ou chorar e, quando o vi, tudo desabou e agora, não consigo reconstruir o muro que eu havia feito para esquecer aquele dia, cada momento, cada toque, cada sensação.
Zoro aperta minha mão, ainda não consigo olhar para ele, nem para ninguém. Solto minha mão do seu toque, passo as costas das mãos secando as lágrimas, olho para o céu puxando o ar, me levanto e viro para trás, Luffy coloca o chapéu na cabeça da Nami, sustentou por alguns segundos e virou para a gente.
Passo pela pedra e por Zoro, caminho lentamente na direção da Nami, Luffy caminha na nossa direção, com as mãos fechadas em punho e um olhar de raiva, Luffy diz algo, caminhando sem parar, com o olhar de raiva cada vez mais forte, ele olha para o céu e para de andar.
- COM CERTEZA! - ele grita para o céu, erguendo os braços.
Vejo Nami olhar para Luffy, lágrimas estão escorrendo por suas bochechas, ela coloca a mão na boca, tentando segurar os soluços que vinha junto com o choro, corro na direção dela, Luffy passa por mim indo na direção dos meninos, seguro no ombro direito da Nami e ajoelho na sua frente.
- Hatta! - ela me chama com a voz rouca por causa das lágrimas. - Me ajuda! - ela pede.
Concordo com a cabeça, a puxo para mim, abraçando a ela, o chapéu do Luffy cai para trás, Nami desaba em lágrimas, seu ombro esquerdo sangra devido às feridas, sai do abraço e olho para o chão, uma adaga estava caída, ergo minha camisa e pego a faixa que estava em volta da minha ferida, por estar cicatrizando, não saia mais sangue, enrolo a faixa no seu ombro, ela sorri, sorrio para ela, Nami pega o chapéu do Luffy e coloca na cabeça.
Me levanto e ajudo ela a se levantar, ela se apoia em mim, caminhamos atrás do Luffy, indo em direção aos meninos.
- Bora lá! - Luffy diz.
Nami e eu paramos atrás dele, nenhum dos meninos precisou olhar para Luffy para entender o que ele estava pedindo, seguiríamos ele, pois ele, era o nosso capitão.
- Bora! - os três e eu responde ao mesmo tempo.
Nami não estava acreditando que, mesmo traindo a gente, mesmo me machucando, mesmo quase fazendo o Luffy morrer, estávamos indo defender ela e a ilha. Se eles sabiam o que tinha acontecido, eles não demonstraram e, se não soubessem, eles iriam defender a Nami, pois Luffy acreditava nela.
Gritos começam a surgir, novos gritos, agora as chamas estão bem mais altas e quase chegando perto do pomar, Usopp se levanta e olha para as chamas.
- O que é aquilo? - questiona Usopp.
Solto Nami que fica atrás, Zoro se levanta e coloca a catana sobre o ombro e caminha para ver melhor as chamas, Sanji faz o mesmo assim como eu e Luffy, Usopp fica mais atrás com a Nami.
- Eles estão atacando a vila. - digo, ficando do lado do Zoro, que olha sobre o ombro.
Olho para as chamas, não chegaríamos a tempo de impedir o que já estava acontecendo e Luffy sabia disso, Nami chora, soluçando, no entanto, estamos olhando para as chamas e os gritos vindo da vila, sons de tiro também ecoam pelo lugar.
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One Piece: A Série
Fanfiction"O Shanks sempre disse, que se o caminho para o que você quer parece muito fácil, então você está no caminho errado!" - Luffy +14 Presa em um bar e em uma vida que ela nunca sonhou, Hatta pensou que passaria a vida naquele lugar, até conhecer Lu...