¹⁰ Ódio bom e amor ruim

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Capítulo 10: Ódio bom e amor ruim

Karen estava prestes a cruzar o semáforo, mas foi obrigada a frear o carro em cima da linha de cruzamento por conta do sinal vermelho. Seus dedos tamborilavam no volante e sua palpitação se encontrava tão acelerada que afetava sua respiração. Estava impaciente, encarando o painel de controle do automóvel que efetuava uma ligação telefônica. Tinham apenas alguns segundos que iniciou a chamada, mas o fato de não ter sido imediatamente atendida já era o suficiente para irritá-la.

Rosalina estava no banco do passageiro, calada e um pouco desconfortável, encolhendo-se no próprio espaço enquanto evitava fazer contato visual com a Gaspar. E até era melhor assim. Karen não queria ter que encará-la agora. Não antes de sua mente voltar ao lugar.

- Olá? Karen? - Finalmente recebendo um sinal de vida do outro lado da linha, a cantora suspirou ao ouvir a voz de Telma.

- Aconteceu um imprevisto. - Iniciou, dando partida no carro ao avistar o sinal verde. - Preciso que acione os advogados.

Acontece que, mesmo tendo ameaçado todo o estabelecimento antes de sair arrastando Rosalina, a Gaspar sabia que não seriam todos a concordar com seus termos, principalmente a mãe da Hartmann. Então, antes que a internet inteira ficasse sabendo de seu ato de vandalismo, faria o possível para se livrar de qualquer acusação.

Telma era a primeira a apoiar as filhas incondicionalmente, então quem melhor para se pedir ajuda senão ela?

- O que aconteceu dessa vez? - A mulher falou, já imaginando o pior.

- Quebrei o pulso da mãe de Rosalina. E ameacei cerca de quinze pessoas.

Telma ficou em completo silêncio por quase dez segundos, provavelmente digerindo a informação.

- Certo. - Respondeu, e os sons no fundo da ligação indicavam que ela caminhava com pressa por algum corredor. - Onde você estava tinha câmeras? Alguém filmou a cena?

- Umas seis pessoas filmaram. - Respondeu, sentindo sua boca amargar ao lembrar do ocorrido. - Por isso as ameacei.

- E onde você está agora? E a senhora?

- Deixei aquela traste na doceria. Estou na rua com a Hartmann.

Respirando fundo e soltando o ar devagar, Telma manteve a calma.

- Me passa o endereço do local. - Disse, séria. Pelos sons de fundo, ela estava mexendo em alguns papéis. - Não se preocupa, Karen, eu cuido disso por você.

- Ótimo. - Respondeu, fazendo uma pausa para olhar Rosalina de relance. - E que seja o mais rápido possível.

- Estou entrando em contato com os advogados agora, e vou mandar alguns subordinados até a doceria. - Após mais alguns segundos em silêncio, Telma retorna. - Preciso desligar, mas você vai me contar o que exatamente aconteceu depois.

Karen não teve tempo para responder, nem iria, antes da ligação ser encerrada. E seu próximo passo foi abrir o WhatsApp no painel de controle e enviar o endereço da doceria para Telma.

Fossem seus pais conseguir encobri-la totalmente ou não, a Gaspar estava confiante que, ao menos, não sairia como vilã da história. Desde sua adolescência, fora acobertada diversas vezes na mídia, seja com falsas informações ou desvio dos fatos, e não duvidava que o mesmo aconteceria nessa situação. Caso contrário, seu próximo passo seria cometer um homicídio e esconder o corpo para que não fosse denunciada por agressão física.

Kalina: Romance CaóticoOnde histórias criam vida. Descubra agora