Capítulo 33: Romance caótico
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Para Karen, o tempo poderia ser visto como um remédio que curava tudo.
Após conversar com Rosalina, ela focou-se em sua carreira, terminando seus shows e isolando todo e qualquer sentimento que ainda resistia em seu coração. Karen não dava entrevistas, fugia dos repórteres e paparazzis e, nas redes sociais, ela se tornou um fantasma.
Por mais que o isolamento fosse um método recorrente da Gaspar para se recompor e avançar em sua carreira, todos sabiam, principalmente seus fãs mais fiéis, que o motivo da reclusão, agora, era um coração partido.
Acontece que, com o tempo, Rosalina voltou a estourar na internet. Era fácil fazer um público que vê entretenimento em brigas entre famosos e exposições online mudarem seu foco, bastava outra coisa surpreendente explodir nas mídias. Não levava muito tempo até que uma briga de casal fosse esquecida e tudo voltasse ao normal.
As cicatrizes, no entanto, não são cobertas facilmente. Elas duram, macham a pele e sempre estarão ali para que a pessoa se lembre, a vida toda, de um dia fatídico. No caso de Karen, a cicatriz era interna, e fora costurada a força em seu coração, para que a cura adiantasse.
Após a turnê, a Gaspar optou por esconder-se em uma ilha privada da família, a fim de colocar os pensamentos em ordem. Sem dar explicações para muitos, Karen passou a, apesar de raramente, fazer algumas lives no YouTube, onde tocava alguns instrumentos com uma melodia suave.
De lá, presa na ilhota, ela acompanhava Rosalina como um seguidor anônimo. O intuito não era agir como uma stalker ou uma ex que não havia aceitado um término, e sim acompanhar seu crescimento gradual e mais do que merecido. No fundo, o peito de Karen enchia-se de orgulho ao ver a Hartmann crescer tanto e aparentar felicidade genuína, como costumava ser.
E, desse modo, levando uma vida pacata, o tempo passou para Karen. Não foi rápido, tampouco fácil. Ela contava os dias, marcava em um calendário e na agenda do celular. Em certos dias do mês, a Gaspar subconscientemente lembrava de dias específicos, esses os quais passava ao lado da única pessoa que já amou.
Para Karen, o tempo poderia levar essas memórias a qualquer momento. Quem sabe, sem que estivesse esperando, ela acordasse em um dia qualquer, revigorada, pronta para voltar e dizer oi ao mundo.
Porém não funcionou assim.
Um ano se passou desde sua última conversa com Rosalina. Desde a última vez que torceu para que a garota a esperasse. Um ano desde que, definitivamente, um ponto final havia sido colocado naquela história.
E Karen não esqueceu. Nem por um segundo, ela conseguiu esquecer.
Rosalina pintava a si mesma em seus pensamentos, e eram imagens tão coloridas, tão vividas e únicas que conseguiam ser marcadas em seu cerne. A Gaspar sonhava, imaginava uma reconciliação e, diante de tantos pensamentos invasivos, prendeu-se na própria solidão.
Se não havia Rosalina, o que havia?
Karen esforçava-se a cada dia para mudar. Ela tentava ser alguém diferente, uma pessoa não tão ranzinza, manipuladora e egoísta. Seu intuito, no início, era ser boa para si mesma. A Gaspar não queria mais magoar quem amava em virtude dos próprios interesses, tampouco outras pessoas. Entretanto, com o passar dos dias, ela percebeu que não fazia isso só para si mesma. Se pudesse, ela gostaria de alcançar Rosalina com isso, mostrá-la que pessoas podem ser diferentes.
Mas acontece que Karen nunca se considerou boa o suficiente para reconquistar Rosalina. Foi-se um ano embora, e dentro de tantos meses, por mais que se esforçasse, ela ainda sentia uma mancha enorme preenchendo seu corpo, e essa mancha era podre ao ponto de não permitir que ela se renovasse.
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Kalina: Romance Caótico
FanfictionKaren Gaspar tinha acabado de ter sua mais nova música estourando no Spotify, e é obrigada a sair com seus amigos para comemorar. E para piorar sua noite, a cantora em ascenção é descoberta por uma fã louca que desmaia ao vê-la. Na manhã seguinte, f...