Sentando no degrau da varanda da casa, encarei o céu noturno. Naquela noite em particular, ele parecia mais estrelado do que nunca, então lembrei quando fui jogada naquele lixão, encarando o céu estrelado do condado. Meu peito ardia sempre que as memórias daquela noite vinham sobre mim — a sensação de desespero, medo e angústia de que morreria ali.
Eu jamais iria esquecer daquela maldita noite, dos rostos de cada um, das risadas e de como me arruinaram, pois quando fechava meus olhos, via nitidamente cada um deles, assim como suas risadas que ecoavam dentro da minha cabeça. Por mais que tentasse tirar aqueles pensamentos, lembrar da minha família e dos momentos felizes, era momentos vívidos dentro da minha cabeça e a única coisa que pensava era ou me matar, ou matá-los.
Encarei o rifle que o senhor Raposa me entregou para caçar, usei um pano velho para limpá-lo, imaginando como era a sensação de usá-lo em uma pessoa. Quando peguei naquele rifle pela primeira vez, senti o peso da arma em minhas mãos, quase não conseguia mantê-lo firme em minhas mãos, no entanto, ele passou a ficar mais leve, quase fazendo parte de mim.
Desde que passei a caçar, pensava o tempo todo no momento que arruinou minha vida, pois estava marcada na pele e na alma e sempre que disparava aquela arma, meu coração acelerava. Eu nunca mais teria paz se continuasse daquela maneira, deixando que tudo aquilo passasse e seguisse como se nada tivesse acontecido. Não, não suportaria mais continuar daquela forma.
— Não posso compactuar com isso, menina! — senhor Raposa exclamou ao ouvir meu plano.
— Não ligo se não vai me ajudar, pois vou fazer isso de qualquer jeito! — respondi batendo o pé no chão.
— A vingança não nos leva a parte alguma, criança — tentou rebater. — Se derramar sangue, será pior do que aqueles que te fizeram mal!
— Que assim seja! — respondi saindo da casa com o rifle nas costas.
Em parte eu entendi a preocupação do senhor Raposa — estava entrando em um jogo perigoso, mas talvez nunca mais fosse conseguir seguir em frente se aqueles infelizes ainda tivessem pisando na Terra. Minha carne clamava por vingança e eu a teria custe o que custasse.
O velho homem havia me ensinado bem a caçar e o uso adequado de armas, então faria daquilo minha grande caçada. Eles arruinaram minha vida, tiraram tudo de mim, então retribuiria esse favor, levando suas almas direto para o inferno. Quantas outras moças inocentes eles arruinaram, quanta outras garotas que não obedeceram PitBull tiveram o mesmo fim, ou até pior, morrendo de verdade.
O sangue derramado daquelas garotas e minha própria dignidade seriam vingadores e mesmo que não tivesse o apoio do senhor Raposa, ainda assim seguiria com o plano. Por isso decidi que aquela seria a noite certa. Então fui caminhar um pouco na mata, era noite e as estrelas pareciam mais intensas, dando a entender que elas estavam me olhando e perseguindo meus passos. Ergui os olhos na direção dos céus, imaginando se padre Kim Jongin ainda lembrava-se de mim, se foi a minha procura.
Às vezes cheguei a pensar se um dia seria resgatada, se em algum momento seria salva por ele, entretanto, depois entendi que não podia esperar que outras pessoas lutassem minhas batalhas; precisava fazer aquilo sozinha. A vida era minha e o corpo era meu e era a única responsável por ele, então soltando um longo suspiro cheguei a conclusão que havia chegado o momento.
Não havia dito à Raposa quando cumpriria tal plano, se dissesse, talvez ele fosse me impedir, era bem capaz disso. Por isso, enquanto ele dormia, furtei seu rifle e algumas armas brancas, inclusive um arco e flechas, pois naquela noite haveria uma caçada.
[...]
Caminhei pela extensa estrada de terra vermelha, indo para o Condado — já sabia que os homens de PitBull estavam em um bar de motoqueiros, muito popular por ser um antro de bandidos perigosos. Talvez não fosse mais capaz de voltar para casa, morrer em algum momento, mas faria isso com a alma lavada e vingada. Entendi que naquele momento não havia mais volta para minhas escolhas e tinha que seguir em frente.
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Padre_ Série: Desejo Profano Livro 3 (Kim Jongin)
RomansaSejam bem vindos à cidade do pecado. Um lugar dominado pelas trevas, sem lei e sem fé, porém um padre virá como a mão de Deus, cuidando dos bons e punindo os maus. Ela era sua obsessão, o pecado do padre, que era capaz de qualquer coisa por sua doc...