Será que eu morri?
Estou morta?
Por que não vejo a luz?
Minha mente divagava a cada minuto, talvez horas, que estava naquele lugar — por que não conseguia ver a luz? Tudo estava um completo escuro e eu só queria voltar para casa. Não conseguia lembrar do que houve exatamente — meu corpo tinha marcas, mas não sentia a dor. Então na minha angústia, clamei pela minha mãe, mesmo sabendo ser impossível ela me ouvir.
Completa e intensa escuridão eu desejava morrer logo, assim poderia proteger meus pais e ser livre novamente. Nunca desejei viver daquela maneira, era como estar em um pesadelo, que não consegui abrir os olhos, pois sabia que se os abrisse, a realidade era tão cruel quanto. O coração já não parecia bater como deveria, então constatei a verdade, pois despertei, não de um lindo sonho de verão, mas de um pesadelo dentro do outro.
Meus olhos se abriram e pude ver a lua cintilante em um céu estrelado — apesar da beleza do céu, o odor de lixo impregnou meu nariz e eu sabia que havia sido jogada no lixão da cidade. Havia muitos boatos sobre descarte de corpos no lixão de Flores, que ficava fora do condado, onde os bandidos jogavam suas vítimas. Ali era o ambiente perfeito, para os assassinos desovarem os corpos. Eu não era a exceção ali, mais um corpo descartado como lixo.
Se fosse para estar ali, era melhor que morresse de uma vez. Não queria mais sentir aquela dor que me consumia — a maldita lembrança do meu corpo sendo violado. Aqueles desgraçados tiraram tudo de mim e senti vergonha por ter chegado naquela situação e em algum momento da minha contemplação, onde era observada pela lua e estrelas, acreditei que aquilo era minha culpa, porque fui burra.
As lágrimas desceram sem parar e eu não me movi, apenas deixando que o choro viesse. Tudo que sonhei estava naquele lixão comigo, pois senti que nem meu corpo mais me pertencia. Depois não sei como consegui forças para levantar, mas algo dentro de mim só queria desaparecer.
Caminhei pelo terreno extenso, cheio de lixo e com um odor pungente, talvez vindo da decomposição de lixo orgânico e de vítimas. O caminho parecia mais longo e mais pedregoso. Me arrastei pela extensa estrada, não sabendo para onde ir, contudo, apenas caminhando reto. Não sabia para onde estava indo, nem lembrava exatamente o caminho de volta para casa, novamente, apenas caminhei.
Então em dado momento, quando o sol já dava indícios de raiar, vi a silhueta de um homem. Ele caminhava a certa distância, parecia um senhor idoso, o cabelo ruivo, assim como a barba, eram nítidos, destacando-se à primeira vista. Segurando firme em uma de suas mãos, havia uma espingarda grande e perigosa — seus passos eram firmes, dentro de roupas gastas e um chapéu com o nome e número de algum político.
Tudo naquele momento estava me assustando, pois um homem desconhecido e armado estava caminhando em minha direção. Grande foi meu pavor quando ele olhou diretamente para mim, porém ao invés de correr, como estava machucada e sem forças, cai ali mesmo, perdendo totalmente os sentidos.
A morte não queria mesmo me levar de uma vez e em imagens borradas, vi todo trajeto que meu corpo fez — além da imagem do homem misterioso. Tudo estava de ponta cabeça e lembro de ter balbuciado alguma coisa, porém nada disso mudou o fato que estava sendo carregada sobre os ombros de um completo desconhecido para sei lá onde. Então novamente eu dormi, sem saber se seria outra vez cobaia da maldade humana.
UMA SEMANA DEPOIS
— Vai continuar trancafiada aí, menina? — senhor Raposa apareceu na porta do pequeno quarto, cruzando os braços sobre o peito.
Me encolhi em um canto, abraçando os joelhos — apesar dele ter me resgatado uma semana antes, ainda me sentia desconfortável e só queria ficar sozinha. Senhor Raposa era um homem rústico, vivia sozinho no meio do nada, próximo a montanha e foi ele a me encontrar na beira da estrada.
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Padre_ Série: Desejo Profano Livro 3 (Kim Jongin)
RomansaSejam bem vindos à cidade do pecado. Um lugar dominado pelas trevas, sem lei e sem fé, porém um padre virá como a mão de Deus, cuidando dos bons e punindo os maus. Ela era sua obsessão, o pecado do padre, que era capaz de qualquer coisa por sua doc...