Sejam bem vindos à cidade do pecado.
Um lugar dominado pelas trevas, sem lei e sem fé, porém um padre virá como a mão de Deus, cuidando dos bons e punindo os maus.
Ela era sua obsessão, o pecado do padre, que era capaz de qualquer coisa por sua doc...
Encarei meu reflexo naquele pequeno espelho do banheiro e aquela que me encarava de volta não era a mesma que conheci. Não, existia outra Camila e aquela era mais forte, que foi morta dentro de um ônibus anos antes. Se pudesse voltar no tempo, talvez a eu do passado não acreditaria em tudo que aconteceu; sentia falta da eu do passado.
Passei cinco longos anos vivendo de um jeito que jamais imaginei — abandonando as sapatilhas de balé e agarrando um rifle. Mamãe não aprovaria aquilo. Sua bela filhinha delicada, usando armas perigosas e matando pessoas. Não posso dizer que me orgulhava de tais feitos, mas foi o que me restou quando PitBull tirou tudo de mim.
Do lado de fora do banheiro, meu nome fora chamado por Judith, então prendi os cachos em um rabo de cavalo, os quais foram devidamente trançados nas laterais da minha cabeça, pois de acordo com Judith — entrar na milícia, merecia um visual menos princesa Disney. Realmente eu não tinha mais a mesma aparência angelical que tanto chamava atenção em Flores.
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Havia ganhado uma cicatriz na sobrancelha em uma briga de bar, além das outras pelo corpo. Os milicianos me obrigaram a fazer tatuagens para demonstrar minha lealdade. Fiz flores no ombro, para nunca esquecer de onde vim e que ainda tinha uma vingança a cumprir. Rifles e facas com uma caveira no braço direito, símbolo da milícia de Jiboia.
Por último fiz uma cruz no antebraço, no mesmo lugar que havia visto a tatuagem desconhecida do padre Kim. Eu sei que podia parecer estranho colocar algo que lembrava dele, mas não podia evitar quando aquele homem estava em meus pensamentos. Sempre que fechava os olhos, lá estava ele, seus olhos puxadinhos e sombrios, a cabeleira platinada jogada para trás e aquele sorriso ladino sedutor.
Ele havia me marcado de uma forma que não conseguia esquecê-lo, mesmo que tentasse muito. Sempre achei que nesses cinco anos seria capaz de eliminar o padre Kim Jongin de meus pensamentos, no entanto, era impossível, porque assim como aquela tatuagem de cruz, ele estava tatuado em meu coração.
— Por que demorou tanto no banheiro, Mila? — Judith questionou quando cheguei na sala. Ela se jogou no sofá com um pacote de salgadinhos, deitando a cabeça no colo de Jorjão, que já estava lá assistindo ao jogo.
— E como você acha que ela consegue se manter tão bonita assim? — Hugo debochou passando atrás de mim, arrancando risadas dos outros.
Desde que entrei naquela milícia, segurando a carta de recomendação do sr. Raposa e com uma única mochila, todos ali nunca me levaram a sério. Mesmo fazendo modificações em mim, tatuagens... ainda era vista como uma princesa da Disney. Aqueles imbecis só não entenderam, que até as princesas da Disney são heroínas, fortes e corajosas, então com um tempo parei de me ofender.
— Tenho certeza que mesmo nascendo de novo, jamais será lindo como eu. — Debochei de volta, ouvindo os outros voltarem as risadas para Hugo, que apontou rindo.
