Encarei a janelinha do avião, imaginando que se pudesse, pulava naquele minuto para os braços de Mila, no entanto, receberia um tiro bem no meio da testa se fizesse aquilo. A Ordem deixou bem claro que eu não tinha escolha e precisava prosseguir com minha missão. Estava bem mais agradável cuidar de Flores — infelizmente a missão era pegar PitBull.
Nunca entendi ao certo o motivo deles estarem tão interessados em um bandidinho mafioso; não era como se PitBull tivesse qualquer relação com a igreja. O departamento de defesa do Vaticano me mandava para aquelas missões envolvendo criminosos da máfia, mas nunca disseram o motivo. Para falar bem a verdade, também não me importava com isso.
Eu definitivamente não estava afim de sair do condado — já tinha me acostumado com as pessoas, dirigir missas e fazer aquelas coisas de padres normais. Também tinha o fato de ser em Flores que Camila se encontrava. Nossa, eu realmente estava louco naquela loirinha casca grossa, como nunca fui antes por uma mulher.
Ela tornou-se meu mundo de um jeito que eu não conseguia explicar e no fim das contas, lá estava eu novamente, lhe deixando para trás. A vida tinha aquelas injustiças e quisera ter lhe conhecido antes da igreja, mas talvez ela acabasse se tornando uma das minhas vítimas. Não, não queria pensar no que fui capaz de fazer no passado. Mesmo ainda sendo um assassino, jamais machucaria minha loirinha linda.
O avião pousou na madrugada e fui escoltado pelos padres até o centro de comando. Lembro de bocejar quando eles fizeram sinal da cruz em frente a cruz de Cristo, tendo olhares enviesados em minha direção. Os padres mais tradicionais da Ordem não eram muito insípidos comigo e me consideravam um caso perdido, que precisava ainda de muitos anos para amadurecer.
Para a infelicidade deles, fui um dos melhores da turma e tinha a maior pontuação quando me mandaram em campo. Ninguém ali era capaz de alcançar meus méritos — apenas o prepotente do outro padre Kim — eu o odiava.
Quando a porta do escritório se abriu, vi sua figura adentrando, por isso estiquei as pernas em cima da mesinha de centro, pois sabia o quanto odiava aquele meu comportamento. Ele me encarou de forma severa e retribuí sorrindo ladino, no entanto, o padre apenas sentou na poltrona à frente, me encarando como um pai esperando que o filho confesse a travessura.
— Nos quase dez anos que está aqui, nunca demorou tanto em uma missão e até solicitou ajuda. Isso é estranho, padre Kim. — Ele cruzou as pernas, unindo os dedos sobre o joelho e me encarando.
— Nem todo mundo é perfeito como o camerlengo Kim! — exclamei em zombaria.
— Sua zombaria não me atinge, padre, mas quero saber o motivo de tal mudança de comportamento, já que sempre foi egoísta e nunca pensou no bem estar de outras pessoas. — Eu sabia que ele tinha razão, mas infelizmente também era orgulhoso e nunca admitiria meus pecados.
— Sou um homem de princípios, meu caro camerlengo e PitBull arruinou aquela cidade e seus habitantes, então por coincidência eu estava lá como padre... só fiz meu trabalho. — Ele assentiu, como se tivesse aceitado minha resposta.
— De fato e por isso tenho muito orgulho de você! — Soltei uma risada desprovida de humor.
— Quem disse que preciso do seu orgulho? Tsi — murmurei não o olhando.
— Tivemos que trazê-lo de volta para investigar o paradeiro do tal PitBull. Os líderes têm pressa com o êxito da missão.
— Claro que têm — murmurei novamente.
— Mesmo que o alto escalão da Ordem não tenha fé em suas capacidades, eu tenho. — Voltei meus olhos para o mais velho. — É um padre muito habilidoso e correto, padre Kim. Não me decepcione.
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Padre_ Série: Desejo Profano Livro 3 (Kim Jongin)
RomanceSejam bem vindos à cidade do pecado. Um lugar dominado pelas trevas, sem lei e sem fé, porém um padre virá como a mão de Deus, cuidando dos bons e punindo os maus. Ela era sua obsessão, o pecado do padre, que era capaz de qualquer coisa por sua doc...