Capítulo 32

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Olhei através da lente da mira, enquanto o alvo se movia pelas barracas de comida. Eu precisava apenas de um segundo e tudo teria acabado, então segurei o ar, soltando logo em seguida e esvaziando os pulmões. Aquele segundo havia finalmente chegado. Meus dedos se moveram e a mão apertou firme o punho do rifle, enquanto o vento balançava meus cachos presos num rabo de cavalo.

A bala atravessou o cano, rompendo para fora da arma e atingiu meu alvo, que caiu para o lado com um buraco bem no meio da testa. Esse percalço causou uma grande confusão na feira e as pessoas corriam para todos os lados, desesperadas pela possibilidade de haver outro tiroteio. Os homens do alvo tiraram suas pistolas apontando para cima, buscando quem quer que fosse o atirador.

Com o trabalho feito, me abaixei para não ser vista, então tirei do bolsinho do colete um chiclete e pondo dentro da boca. Aquela era qual? A oitava missão em um único mês? Eu já havia perdido as contas e apenas continuei empilhando os corpos. No fim, peguei meu rifle e o pus dentro do coldre de violão, colocando-o nas costas e caminhando para fora do terraço, onde me escondi.

Desci despreocupadamente as escadas e ao alcançar o hall do prédio, fui até a recepção, entregando o cartão de quarto, o qual aluguei para despistar qualquer prova de incriminação. A recepcionista sorriu se despedindo e sorri de volta, caminhando para fora do lugar, vendo toda confusão na rua e várias viaturas parando no local do crime.

Estiquei o braço e o ônibus parou de frente ao ponto, onde passei a carteirinha e segui meu caminho de volta ao armazém de Jiboia.

Quando ele me disse que estava ali naquela boate para me buscar, não imaginei que ficaria pulando de missão em missão, sem tempo até para respirar. Estava bastante exausta e cheguei até perder alguns ensaios do balé, ocasionando em repreensões por parte da senhorita Loreta, a professora. As meninas questionavam no motivo de tantos atrasos, mas eu não poderia dizer o motivo e escolhi mentir, sobre estar em um trabalho — não era mentira, porém também não era a verdade.

Recebi uma mensagem de Claudia avisando sobre a prova de fundamentação da educação — aula chata, porém me custaria muitos pontos para não reprovar na matéria. Bufei, buscando entre os arquivos no celular as apostilas para estudar e fiz isso todo o caminho de volta.

— Mila, que bom que chegou. Temos uma missão e... — Jiboia começou a dizer, mas depositei com certa rispidez o coldre em cima de sua mesa.

— Escolha outro, que amanhã tenho prova e preciso dormir. — Respondi largando todos os meus equipamentos.

— Estamos sem pessoal e essa missão é importante... — estiquei a mão para que ele parasse de falar.

— Quem disse que o problema é meu? Te vira. Não fui eu a ir atrás de tu. Tava bem quietinha no meu canto, agora te vira! — Respondi pronta para me retirar.

— Se não cumprir, não recebe, Camila. — Rebateu e dei de ombros.

— Olha minha preocupação — continuei sacudindo os ombros. — Estou cansada e tenho prova, adeus! — lhe dei as costas, saindo de seu armazém/casa.

Jiboia não tinha limites, porque a gente dá a mão e ele quer o pé também. Depois das provas, as meninas tinham planejado irmos à praia, já que nunca fomos a uma e era um belo momento de pegar um pouco de sol. Trabalhar e me afundar nesses pequenos momentos eram uma distração desde a partida do padre Kim. Aquele maldito havia posto meu mundo de ponta cabeça e mesmo tentando, não conseguia tirá-lo da cabeça.

Sabe aquele homem que parece um furacão em sua vida e você não consegue mais manter os pés no chão? Kim Jongin foi assim em minha vida, por isso tentava qualquer coisa para não focar meus pensamentos na imagem dele. Fazer aquele passeio com as meninas servia para isso, esquecer o quanto estava na fossa por um homem, que nem poderia ser meu.

Padre_ Série: Desejo Profano Livro 3 (Kim Jongin)Onde histórias criam vida. Descubra agora