CAPÍTULO 6 A CAÇADORA

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Raiva.

Não é valorizada o suficiente. Não é estudada o suficiente.

As capacidades do corpo humano não estão mais limitadas às leis da física. A destruição absoluta que reside na ponta dos meus dedos poderia queimar cidades inteiras – reduzi-las a cinzas e brasas. Um simples toque de um palito de fósforo, ou um movimento do meu pulso, e até onde meus olhos podem ver seria consumido pelo mesmo fogo escuro que se assola dentro de mim.

Por enquanto, direciono a destruição para mim mesma. Meu reflexo ferve, dominado por uma violência só vista através de telescópios. Nosso universo foi forjado em brutalidade, e agora o cosmos reside não em um, mas em dois olhos negros me encarando.

Sua maldita culpa.

Meu punho voa no espelho, quase quebrando-o inteiramente com um golpe. Pequenos fragmentos explodem com o impacto, chovendo na pia e no chão. Isso imita exatamente como minha alma se sente. Quebrada pra caralho.

Acabei de chegar do hospital e já estou aumentando a lista de lesões.

Mas estou muito desorientada para me importar.

Rosnando, eu me afasto e enfio meu punho no espelho novamente. De novo e de novo, até que restem apenas alguns pedaços tortos.

Enfurecida, eu giro, procurando o maior caco que possa encontrar, e o pego do chão, ignorando as bordas irregulares cortando minha pele. E, então, pego um menor, com uma ponta afiada, antes de me levantar.

Segurando o grande pedaço diante de mim, eu o posiciono até que esteja no ângulo correto, servindo como meu novo espelho. Usando o pedaço menor, mergulho a ponta na minha pele e começo a esculpir.

Vou devagar, meus movimentos instáveis pelos tremores que atormentam meu corpo. O vidro desliza do meu aperto, tanto devido ao sangue que escorre dos meus dedos quanto por onde as bordas mordem minha pele, e tenho que reajustar o agarre continuamente para criar mais cortes.

Mas a dor mal é registrada por estar barulhento pra caralho dentro da minha cabeça. Está obscurecida com fúria, e cada maldito órgão do meu corpo parece como se estivesse em um liquidificador.

Minha ratinha se foi. Ela foi roubada de mim.

E o homem por trás disso é o mesmo que eu sabia que tinha desejo de vingança contra ela.

E eu o deixei vivo.

Porra, eu o deixei continuar vivendo, fervendo na raiva que eu causei.

Com o coração batendo rápido, afundo o vidro mais forte, vermelho brilhante borbulhando de onde corta minha pele.

Quando termino, deixo cair o fragmento, meu corpo inteiro vibrando. Eu falhei com Jiwoo.

E nunca vou me permitir esquecer.

Não com a rosa agora esculpida sobre meu coração. 

***

Sangue cobre o solado das minhas botas, deixando um rastro escarlate atrás de mim ao me aproximar da casa de Max.

Ele finalmente contratou guardas.

Não fizeram muito bem, quando agora todos os seis corpos se espalham pelo chão. Com buracos de bala entre os olhos voltados para as estrelas, mas sem vê-las, eles foram apagados porque protegeram a pessoa errada.

Não me importo com o quão amados eles eram. Não dou a mínima se tinham famílias e se tinham esposas e filhos pequenos em casa, esperando ansiosamente sua chegada. Papai se foi, crianças.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora