CAPÍTULO 17 O DIAMANTE

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Se não fosse pela gargantilha em volta da minha garganta, eu consideraria pegar o canivete de um dos hóspedes e sair pela porta dos fundos, desaparecendo na noite. Cortaria o dispositivo de rastreamento do meu pescoço e partiria, sem me importar se não estou vestindo praticamente nada para me proteger dos elementos. Prefiro morrer sozinha, no meio da floresta, do que nas mãos de um traficante sexual.

E Francesca sabe disso. Sabe que todas nós arriscaríamos fazer isso. É por isso que simples gargantilhas de metal preto com um pingente de rubi apertam nossas gargantas no momento. Algo que ela deixou muito claro que abriga outro dispositivo de rastreamento, um que não pode ser removido sem uma chave.

A casa está envolta em distração e glamour. Tantos homens, vestidos com esmero, com centenas de milhares de dólares pingando de seus gélidos pulsos. Tantas oportunidades para escapar despercebidas, enquanto os olhos estão virados para outro lado.

Nunca entendi por que os mais doentes da humanidade se esforçam para parecer os mais bonitos. Você pode jogar glitter em uma cobra, mas a puta ainda morde.

—Você está linda — uma voz profunda sussurra no meu ouvido, às minhas costas. Eu me assusto, virando-me para encontrar Xavier, um sorriso lascivo em seu rosto.

Francesca ordenou que nos misturássemos com os homens, então estou acampando na sala de estar. Mesmo com toda a limpeza que fizemos, a casa ainda cheira a desespero. Horrores demais estão encravados nas frestas, e nenhuma limpeza jamais livrará este lugar deles. 

Forço um sorriso, me afastando dele alguns centímetros e baixando meu queixo. O calor percorre todo o meu corpo, mas não do tipo bom. Mais como quando você está com mal-estar estomacal e presa no carro. O suor frio é nauseante.

— Obrigada — digo, soltando minha voz. Seu olhar é intenso ao varrer minhas curvas lentamente, tomando seu tempo. Naturalmente, quero dar um chute nas suas bolas e correr. Só posso ficar ali parada e aceitar, no entanto. Com a postura ereta, recuso a me encolher como ele deseja. É a única forma como posso desafiá-lo para não pegar a taça de champanhe da sua mão e quebrá-la em seu próprio rosto.

Relaxe, ratinha.

Ele não me pegou esta noite, então não pode me punir. Contudo, tenho a terrível sensação de que Francesca permitirá de bom grado que este homem me toque, independentemente disso.

O que significa que preciso bancar a boazinha.

— Você foi incrível hoje, apesar da pequena distração que aquela garota vil causou — ele diz, agradavelmente. Posso dizer que está tentando inserir cordialidade em sua presença, mas é como enfiar minha mão em uma lareira que não é usada há séculos.

— Embora eu deva admitir, o Abate sempre me pareceu contraproducente — continua ele. — Mesmo que seja divertido.

Limpando a garganta suavemente, pergunto:

— Posso perguntar por quê?

Ele sorri como se visse através da fachada fina.

— Ensina você a fugir de nós. É uma tradição há séculos, mas, se me perguntar, prefiro que minhas mulheres sejam incapazes de escapar.

Aceno com a cabeça lentamente.

— Faz sentido — admito. E, realmente, faz.

O Abate é projetado para testar nossa resistência. Entendo. Se estivermos muito fracas e quebradas, seremos pequenas coisas sem vida, resultando em substituições constantes. O Abate foi projetado para nos quebrar mentalmente, espiritualmente. Induzir terror e esperança de fuga, apenas para sermos arrastadas de volta.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora