CAPÍTULO 25 O DIAMANTE

29 3 0
                                    


—Posso te levar a um lugar? — Sooyoung pergunta. Acabei de sair do chuveiro, puxando uma escova pelo meu cabelo molhado e emaranhado. Passo as cerdas através de um nó particularmente brutal, sem me importar com a forma como os fios se quebram.

—Querida, você está machucando seu cabelo. Deixe-me escová-lo.

Sentindo-me derrotada, deixo os ombros caírem, me arrasto até ela e me sento no chão entre seus joelhos abertos.

Ela pega a escova de mim e gentilmente começa a passá-la pelas mechas ensopadas, desembaraçando devagar o esfregão na minha cabeça.

É prazeroso, mas estou cansada demais para apreciar.

Mais duas semanas se passaram, e é uma batalha constante de altos e baixos. Acontece que um dos homens me transmitiu clamídia, o que só cimentou a sensação de sujeira arraigada profundamente em meus ossos.

Chorei, confessei meu diagnóstico a Sooyoung e chorei ainda mais quando ela não me deu nada além de apoio. Fui tratada, mas aquela repulsa persistente permanece, afundando suas garras em meus tecidos.

Ela deve ter usado todas as palavras da língua inglesa para me assegurar que não sou nojenta ou que não me vê de forma diferente, mas isso não mudou como eu me vejo.

Sooyoung estava certa. A felicidade é passageira; no entanto, nas últimas semanas, fez tudo ao seu alcance para me ajudar a manter qualquer aparência de paz.

Terminando com a escova, ela a coloca na cama e junta meu cabelo.

Quase engasgo quando ela começa a trançar. 

—Onde diabos você aprendeu a fazer isso? — pergunto. Estou tentada a girar como um cachorro perseguindo o próprio rabo, apenas para poder testemunhar isso, Sooyoung não parecia ser uma mulher que sabia fazer este tipo de coisa, ela vive de cabelo um pouco acima dos ombros e solto, isto se não estiver usando um capuz escondendo-o. Ela nem sutiã usa, já tive o prazer de descobri isto com minhas próprias mãos. Ela definitivamente não parece ser o tipo pessoa que saberia.

—Apesar de tudo eu ainda sou uma mulher você sabe né? Mas você está meio que certa, foi Ruby que me ensinou — ela responde calmamente — Houve uma jovem que eu salvei há alguns anos, e ela não deixava ninguém a tocar, além de mim no começo. Adorava tranças no cabelo, então aprendi a fazê-las para ela. Fiquei boa pra caralho nisso, também.

Meu lábio treme, e sou forçada a chupá-lo entre os dentes para conter o soluço.

Desgraçada.

Justo quando eu acho que não posso me apaixonar por ela mais do que já me apaixonei, ela vai e faz essa merda.

Não há como negar que será uma ótima mãe um dia e, embora o pensamento me assuste, não quero que ninguém, além de mim, tenha o privilégio de ver isso acontecer.

—Ah — sussurro.

—Me dê o elástico — diz ela. Levanto meu braço, e ela o puxa da minha mão e amarra a trança.

—Obrigada — murmuro, me levantando e me virando para encará-la. Estou em uma estranha guerra interna, onde quero rastejar para o seu colo, mas o pensamento de realmente fazê-lo me faz explodir em urticária. — Para onde você queria me levar?

—Eu quero te mostrar uma coisa... alguém, também. Pensei que talvez ver isso pudesse... te ajudar.

Minhas sobrancelhas se erguem, mas concordo, curiosa sobre o que ela acha que poderia me ajudar. No que me diz respeito, sou uma causa perdida. Sem esperança. Desamparada. E todos os outros sinônimos para essas palavras, também.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora