CAPÍTULO 35 A CAÇADORA

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Normalmente, quando termino de assassinar alguém, sinto toda a tensão sair do meu corpo. Às vezes pode ser um afrodisíaco. É tão raro não estar tensa que quando meus músculos ficam soltos e lânguidos, é como a porra de um orgasmo. Outra razão pela qual eu sou viciada em Jiwoo e todas as maneiras que eu derreto sob seus dedos.

Mas desta vez, estou apenas irritada pra caralho. Yeojin fez o que sempre faz e foi longe demais. Ela decidiu que seria divertido jogar frisbee com partes do corpo ou algo assim, então passamos uma hora sozinhos tentando localizar cada pedaço de Francesca para que pudéssemos enterrá-los.

No momento em que eu peguei todos os dez dedos dela, eu não me importava mais. Não ajudou que Yeojin decidiu ter uma orgia imaginária logo depois, forçando Jiwoo e eu a sairmos até que ela terminasse. Literalmente.

E, claro, durante as duas horas que levou para cavar e enterrar os corpos, ela se sentiu inclinada a me contar cada detalhe sórdido do que seus capangas fizeram com ela. Ou melhor, o que ela fez consigo mesma.

Deixei-a falar e desliguei as partes que não me importava de ouvir. Yeojin nunca teve amigos de verdade antes, e apesar do quanto eu não quero ouvir como ela estava em um estado de frenesi, eu me recuso a dar um exemplo ruim de amizade ao silenciá-la.

Suspirando, subo os degraus cansada, meus movimentos pesados e letárgicos. Estou coberta de sujeira e sangue, e provavelmente algumas outras coisas que não quero saber.

Quando entro no quarto de Jiwoo, encontro vapor saindo das profundezas de seu banheiro. Eu rolo minha cabeça para trás, imediatamente dominada por imagens dela de pé sob o chuveiro, a água escorrendo por suas curvas nuas. Meu pau endurece instantaneamente, a tensão em meus músculos tornando-os como pedra.

Empurrando a porta devagar, fico surpresa ao vê-la em pé na frente do espelho, os olhos traçando sua pele nua. Há uma carranca puxando para baixo em seus lábios, e ela olha para seu reflexo com uma mistura de aversão e curiosidade.

Ela fica tensa, ouvindo minha intrusão, mas não tira os olhos de si mesma. Ela está completamente nua, e a visão quase me deixa de joelhos.

Tanto por adoração quanto por tristeza.

Duas cicatrizes longas e irregulares cortam suas costas. A visão delas me deixa visceralmente irritada, e reacende meu desejo de matar o homem que as causou. Lembro-me vividamente de ver o Dr. Garrison costurar aquelas feridas através da filmagem da câmera.

Aprender a aceitar minhas próprias cicatrizes foi um processo que enfrentei sozinha. Mas Jiwoo nunca mais enfrentará nada sozinha. Em breve, passarei minha língua por cada uma e mostrarei a ela que ela ainda é linda com ou sem elas.

As cicatrizes servem apenas como lembretes do que sobrevivemos, não do que nos matou.

Sangue e sujeira cobrem sua pele pálida, descamando de seu corpo e caindo no chão de pedra aquecido. Ela passa a mão em sua barriga lisa, atraindo meus olhos para seus dedos. Lentamente, me aproximo até que o que ela está fazendo fique mais claro. Como dedilhando uma corda em um violão, suas unhas arranham uma pequena cicatriz branca.

—Eu esperava que isso desaparecesse — ela murmura, mantendo a voz baixa na tentativa de esconder a oscilação. — Elas são mais trágicas quando é outra memória esculpida dolorosamente em sua pele.

Ela lança seu olhar para mim.

—Eu odeio elas.

Eu cerro os dentes, a fúria crescendo em meu peito. Eu adoraria ter matado Xavier. Tomar meu tempo com ele como eu fiz com Max. Mas não era minha vingança. Embora a satisfação de fazê-la gozar diante dele seja algo que eu apreciarei.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora