CAPÍTULO 2 A CAÇADORA

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Não é muito frequente que as pessoas me surpreendam.

Espero o pior de todos, até mesmo de mim. Especialmente de mim.

Mas quando a voz é registrada através da névoa de agonia nublando minha cabeça, tudo o que posso sentir é espanto e a pressão fria do metal na parte de trás do meu crânio.
—Que bom que você conseguiu descobrir isso, Jung Jinsol. Agora, vamos ver essas mãos, caso contrário, esta única bala vai encontrar o seu caminho em sua cabeça.

O sentimento exato é refletido no rosto de Jinsoul quando suas feições se suavizam e os olhos se arregalam, sua voz saturada de total perplexidade enquanto ela murmura:

Você?

—Sim. Eu. Filha... da puta, você acha que iria conseguir enganar todo mundo fantasiada de homem?

Minha mente acelera, girando por cada encontro com ela e tentando descobrir como diabos deixei isso passar – não percebi que ela era um lobo em pele de cordeiro.

Ela desempenhou seu papel muito bem.

—Isso realmente machuca meus sentimentos, você sabe — digo com os dentes cerrados, o músculo da minha mandíbula pulsando.

—Tenho certeza de que você vai superar isso.

O grito torturado de um homem ecoa de algum lugar à minha esquerda, a fumaça pesada o escondendo. Uma bomba explodiu em algum lugar, me jogando de volta no altar de pedra que usavam para seus rituais de sacrifício. Não tenho ideia de que porra de dano me causou, mas, se a dor crescente em todo o meu corpo é algum sinal, preciso ir a um hospital.

E não preciso de uma cartomante para me informar que conseguir ajuda não está no meu futuro próximo.

A caverna artificial subterrânea em que estamos ainda está repleta de caos, lamentos de agonia e terror ecoando nas paredes de pedra, piorando o latejar no meu crânio.

Este inferno é onde a Society sacrifica crianças. Algum tipo de iniciação. para serem acolhidos em um clube que lhes fornece um amplo número de inocentes para estuprar e assassinar.

Vídeos vazados surgiram na dark web, o primeiro há nove meses.

Desde então, tenho trabalhado dia e noite para presenciar esse ritual.

E eu finalmente consegui.

Mas, evidentemente, a Society me viu chegando e se preparou para isso.

Dan ‒ o homem que me colocou aqui dentro ‒ mencionou que eles haviam pegado o culpado por vazar os vídeos.

Estava distraída demais para perceber a armadilha, quando outro vídeo apareceu na web em seguida. Um vídeo liberado intencionalmente, sabendo que eu o veria e encontraria meu caminho para o clube. Eles me atraíram para que pudessem me tirar de cena.

—Você me custou uma garotinha, Yves — a cadela diz atrás de mim.

—Parece que você sabia que era uma possibilidade — respondo, um pouco sem fôlego. Dói até mesmo para respirar, e a dor se intensifica a cada segundo.

A garotinha no altar que me foi oferecida e a três outros homens foi tirada daqui ‒ espero que antes da explosão. Confiei sua segurança a um dos meus homens, Michael, e ainda não tive notícias dele.

—Vocês duas... de pé. Vocês vêm comigo.

—Posso estar um pouco fodida no momento, mas não espere que eu não te mate na primeira chance que tiver — aviso, quase gemendo quando minhas costas têm um espasmo. Porra, mais do que tudo, eu gostaria que essa merda fosse como nos filmes, em que ser explodida por uma bomba e logo depois proceder para salvar o mundo fosse possível.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora