PARTE II : CAPÍTULO 23 A CAÇADORA

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—Nenhuma boa notícia? — pergunto, cruzando os braços sobre o peito.

Os lábios de Jinsoul se apertam e ela balança a cabeça. Francesca e Rocco Bellucci não estavam em lugar algum quando meus homens chegaram à sua casa. Na verdade, a casa inteira estava vazia, exceto por um homem morto na sala, com a garganta cortada, e alguns homens empilhados do lado de fora, nos degraus da varanda. O que significa que Rio e Rick também fugiram. Suspeito que todos eles tenham ido embora no momento em que descobriram que Jiwoo havia desaparecido, fugindo de lá antes que eu pudesse chegar até eles.

Os vermes são escorregadios, mas não vão conseguir se esconder de mim por muito tempo.

—Como Jiwoo está indo? — Jinsoul pergunta, preocupação gravada nas linhas de seu rosto. Ela olha por cima do meu ombro, como se pudesse vê-la da porta da frente.

É a primeira vez que ela está no Casarão Peaches, e sua linguagem corporal sugere que está pronta para dar o fora. Ela deu um passo para dentro, e a porta da frente se fechou sozinha atrás de si. Desde que Jiwoo voltou para casa, a atividade aumentou. Sua energia tem sido sombria, e o casarão nunca teve calor, para começo de conversa.

Eu queria levá-la de volta para a minha casa, mas Jiwoo recusou, afirmando que estivera trancada em uma prisão por tempo suficiente e não queria entrar em outra. Então, coloquei segurança pesada em torno da propriedade, usando tecnologia avançada ‒ e ilegal ‒ para garantir que nada passe sem meu conhecimento. O que quer que Claire tenha na manga, sabe que não há chance de chegar perto da Peaches. 

Depois que a encontrei, levei-a direto para velhos amigos de confiança, Teddy Angler, e seu filho, Tanner. Teddy é um cirurgião aposentado, mas trabalha para a Nine desde que construí a organização, recebendo todos os sobreviventes que precisavam de cuidados. Seu filho é enfermeiro e muitas vezes ajuda, agora que Teddy está envelhecendo.

Ficamos com ele por uma semana, para que pudesse tratar as lacerações em todo o seu corpo, a ferida aberta na nuca e enchê-la com soro. Ela estava desidratada, desnutrida e devastada pelo abuso.

Eu me recusei a me afastar do que foi feito a ela, embora tudo o que quisesse fazer era voltar para fora e destruir qualquer um que habitasse aquela casa com meus malditos dentes.

Não tenho certeza se ela ainda se lembra direito de seu período com Teddy. Esteve catatônica durante toda a estadia.

Faz um mês que ela está em casa e, no começo, estávamos cercados de policiais e meios de comunicação. Os policiais solicitavam seus depoimentos e queriam informações sobre o sequestro. E, claro, como Jiwoo é uma autora popular, chamou a atenção da mídia. Não me envergonho de ter perdido a conta de quantos paparazzi ameacei com lesões corporais por tentarem invadir a propriedade.

Eu adoraria fazer um maldito exemplo de um deles. Amarrá-lo no final da calçada, como um lembrete amigável do que acontecerá se mesmo um dedo do pé de um deles tocar o maldito limite da propriedade.

O caos se acalmou, mas deixou Jiwoo ainda mais dentro de si mesma, e tem se confinado em seu quarto, aninhada sob seus lençóis de seda preta como se fosse alérgica ao ar externo. Nas primeiras semanas após o resgate, mal falava.

Jiwoo, muitas vezes, alternava entre a completa desolação, em que olhava fixamente e não demonstrava nenhuma reação, ao choro inconsolável. Uma psicóloga, Dra. Maybell, veio falar com ela algumas vezes para ajudá-la a passar pelo processo, e isso tem ajudado.

Vê-la assim parte a porra do meu coração, e tudo o que eu quero é ajudá-la com os pedaços e dar-lhe algo para se agarrar.

Mas ela não se agarra a nada. Nem deixa eu me aproximar. Se chego a um pé seu, enlouquece. Absolutamente se recusa a me deixar tocá-la, e isso está me matando, porque é a única coisa que quero fazer.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora