CAPÍTULO 20 O DIAMANTE

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Presente

—Merda — Rio murmura depois que Francesca sai, seus movimentos acelerando.

Minhas sobrancelhas se curvam, e meu coração acelera com sua preocupação óbvia.

—Claire? — Quem é Claire?

Ele olha para mim, e eu o vejo visivelmente desligando, como se puxando uma corda e as persianas fechando sobre seus olhos. Quem quer que seja Claire, deve ser temida.

Ignorando-me, Rio termina de me enfaixar, então agarra meu braço e me força a ficar na posição vertical. Ele caminha até minha cômoda e abre as gavetas, jogando peças aleatórias de roupas em mim.

—O que... Rio, o que diabos está errado com você? — falo, uma camisa me acertando diretamente no rosto.

—Claire é quem colocou o alvo em sua cabeça — diz ele, mantendo a voz uma oitava acima de um sussurro. Então, ele caminha até mim e me ajuda a vestir as roupas como se eu fosse uma criança, mas estou desatenta demais para impedi-lo. Meu coração bate forte, pânico circulando por todo o meu sistema.

Não tenho ideia de quem diabos é essa mulher, mas está claro que ela tem algum tipo de conexão com Sooyoung. Essa é a única razão pela qual uma mulher aleatória colocaria um alvo na minha cabeça, certo?

No entanto, juro que conheci uma Claire antes... mas meu cérebro está muito confuso para lembrar onde e como ela era. Ou seu significado para mim ou Sooyoung. 

Ele me agarra pelos ombros, seu rosto severo.

—Tome muito cuidado com essa sua boca, princesa. Na verdade, mantenha fechada.

Aperto meus lábios e concordo com a cabeça. Ultimamente, tenho estado muito cansada ‒ muito fraca ‒ para lutar. Entrei nesta casa com meu fogo aceso e, em dois meses, dedos invisíveis apagaram a chama, deixando apenas um rastro de fumaça para trás.

Tudo que eu preciso é de uma faísca, e talvez... talvez possa ser reacendida.

Meu estômago se revira de ansiedade enquanto sigo Rio pelo corredor. Uma dor surda lateja entre minhas coxas, me lembrando a cada passo do que tento desesperadamente esquecer. Algo que Xavier explicitamente visa. É também um lembrete de que Sooyoung pode não me querer mais, algo que eu já aceitei. Nunca pensei que iria querer perder sua obsessão... mas como não poderia? Estou imunda agora.

Rio caminha à minha frente sem olhar, apertando o nó que se forma no meu estômago. Há uma fortaleza gelada em torno dele, tão sólida quanto a tensão em seus ombros. Parece que está se distanciando de mim porque estou prestes a ser enviada para a guerra e nunca mais vai me ver.

Alguns dias, eu ainda o odeio pelo que fez comigo, mas não vou mentir para mim mesma e dizer que não construímos um vínculo. Ele tem sido uma muleta emocional para mim nos últimos dois meses, e eu comecei a entendê-lo. Se ele está agindo assim, há uma razão.

E isso me deixa nervosa pra caralho.

Desço as escadas, vozes calmas subindo da sala de estar. Rocco está na cozinha, bebendo um copo d'água e me encarando com seus olhinhos redondos.

Mantenho minha cabeça baixa, observando meus pés descalços pisarem o chão sujo. Limpei há dois dias, mas Rocco e seus amigos agem como se houvesse vidro no chão e insistem em usar suas botas enlameadas pela casa.

Meus olhos se concentram em um conjunto perfeito de pegadas que seguem até a sala de estar, levando diretamente a dois pares de saltos. A recém-chegada também tem lama nos sapatos. Rude pra caralho.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora