CAPÍTULO 12 O DIAMANTE

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— Como é ser um fracasso? uma voz sussurra atrás de mim.

Ela evoca arrepios na minha espinha instantaneamente. Eu me viro, seu rosto a centímetros do meu, fazendo-me recuar. Meu punho se curva, tentada a enviá-lo voando ao seu maldito nariz.

Eu estava de pé no meu quarto, prestes a desabotoar minha calça jeans e olhar para o estrago, quando ela se esgueirou por trás de mim.

— O que diabos há de errado com você? — falo. Ela apenas me encara com olhos escuros arregalados, um sorriso congelado em seu rosto assustador fodido.

Eu engulo em seco, desconfortável, e completamente constrangida.

— Eu acho que a melhor pergunta é o que não está errado comigo — ela retruca, rindo ao fazê-lo. Ela balança na ponta dos pés, seus olhos deslizando, para cima e para baixo, pelo meu corpo devastado.

Francesca nos levou para a parte de trás da floresta ‒ um treino para o Abate. Ela e seus homens usaram flechas de plástico para nos rastrear, atirando em nós como se fôssemos cervos fugindo do estômago faminto de um caçador.

O objetivo era não ser atingida, e a queimação na parte de trás da minha coxa é um lembrete constante de como falhei epicamente. Cheguei tão perto de ter sucesso, mas então, Sydney aconteceu.

Ela estava esperando por mim e esticou o pé bem quando eu passei, as flechas de Francesca beliscando meus calcanhares. Plantei a cara na terra fria e, quando levantei, uma flecha estava rasgando o ar e perfurando a parte de trás da minha coxa.

Não perfurou a pele, mas posso dizer que vou acordar com um hematoma feio amanhã. No entanto, tenho certeza de que será engolida pelos outros quando receber minha punição.

—Que porra eu fiz para você? — estalo, jogando meus braços para os lados. Seu sorriso cresce, o brilho em seus olhos é prova do quão desequilibrada ela é. — Estamos na mesma situação. Por que está agindo assim?

—Eu ouvi Francesca falando sobre você logo depois que você chegou. Disse que você era promissora e poderia ser a melhor garota se ela pudesse corrigir sua atitude. Então, ontem, você conseguiu ser estuprada, e eu vi o rosto dela. Eu a vi quase intervir. E ela nunca fez isso por mim ou por qualquer outra garota. Mas então... — ela levanta um dedo no ar —... então, você deu um soco em Rocco e quebrou o nariz dele. Ele queria puni-la por isso, e você sabe o que ela fez? Ela tomou a punição no seu lugar. Isso definitivamente nunca foi feito por nenhuma de nós.

Minhas sobrancelhas franzem, confusas sobre por que Francesca faria algo assim.

—Ela está te dando privilégios que não temos, pois acha que você é especial. Bem, adivinhe, diamante, eu não acho que você é nem um pouco especial.

Realmente, não importa o que você pensa, não é, vadia?

Não tenho certeza se Francesca manterá sua confiança em mim já que falhei no teste de hoje, mas a determinação se consolida em meus ossos de qualquer maneira.

Se ela vê potencial em mim ‒ se está indo tão longe a ponto de me proteger ‒, então há uma boa chance de eu conseguir que me veja como uma pessoa.

Somos vistas como gado. Produto para moldar com perfeição e, em seguida, vender pelo maior lance. No entanto, quanto mais ela me vê como algo além de apenas uma etiqueta de preço, mais ela vai se suavizar em relação a mim. Isso poderia significar baixar a sua guarda. Deixar escapar informações ou obter privilégios que poderiam ajudar na fuga.

Meus pensamentos correm com as possibilidades que podem importar para mim. Sei que não estarei isenta do horror que acompanha o tráfico de pessoas, mas, talvez consiga me salvar de um pouco disso.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora