CAPÍTULO 11 A CAÇADORA

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Querida, o que eu te disse sobre surtar quando está com raiva?

Por que os resquícios da voz de minha mãe me atormentam agora? Destruição está nas pontas dos meus dedos, apenas esperando para ser liberada. Seria tão simples como acender um isqueiro, provocando uma pequena chama que levaria à obliteração.

— Sooyoung? — A voz de Jinsoul corta os sussurros de minha mãe, que desaparecem como fiapos de fumaça de cigarro.

Falando nisso, enfio a mão no bolso do moletom, pego um no maço e acendo.

A boca de Jinsoul se abre, pairando sobre as palavras que honestamente não quero ouvir no momento.

— Não me diga para não fumar, e não me pergunte se estou bem — interrompo, a voz áspera de raiva.

Sua boca se fecha e ela acena com a cabeça, olhando para o vídeo de Jiwoo lutando por sua vida, registrado sete dias atrás. As câmeras não têm áudio, então, embora eu não saiba o motivo do médico tentar sequestrá-la, não muda o fato de que tentou. Isso foi esclarecido por ele ao rapidamente urgi-la para fora da cama, e sua resistência durante todo o período.

Ela o emboscou com algum tipo de bisturi, e ele a atacou em retaliação. Apenas para a parte de trás de sua cabeça explodir enquanto estava sobre ela.

E mesmo que isso seja incrivelmente traumatizante, essa não é a parte que me deixa fervendo de raiva. É o cuzão que matou o médico, seguiu-a escada acima e assistiu à porra do seu banho.

Rio. 

Jungeun fez sua pesquisa e, embora houvesse muito para encontrar sobre Rick Boreman, não há quase nada de Rio, além de ter nascido e crescido em Porto Rico, seus registros escolares e, em seguida, migrar para os Estados Unidos, aos dezoito anos. A partir daí, ela não conseguiu encontrar quase nada sobre ele. Apenas o apartamento que aluga e duas multas por excesso de velocidade.

Eu não acredito nisso.

—Que estranho que esse cara tenha câmeras em seu quarto apenas voltadas para o chuveiro e a cama — murmura Jinsoul, mais para si mesma. Estou muito ocupada inalando um cigarro como se estivesse me dando vida, ao invés de tirar. Se eu assistir a esse vídeo de novo, serei capaz de sacar minha arma e atirar no monitor até que não seja nada além de cacos de plástico e metal.

Os dedos de Jinsoul voam pelo teclado tão rápido, que acho que vejo lascas de seu esmalte roxo voando. O vídeo de quando Jiwoo estava aqui desaparece e, em seu lugar, há gravações arquivadas que remontam a vários anos.

Quem quer que seja esse cara, ele pratica medicina ilegalmente há décadas. Várias vezes por mês, pessoas feridas são trazidas a ele – pessoas que parecem não fazer nada de bom.

Jogo meu cigarro no chão e o esmago sob a bota, soltando fumaça enquanto vejo Jinsoul pular várias gravações. Assim que ergo minha bota para chutar a bituca, congelo e aperto a mandíbula, ouvindo a boca espertinha de Jiwoo até mesmo agora.

Pare de bagunçar.

Este lugar será cinzas quando eu terminar, mas eu disse que pararia, então vou.

Pego a bituca, enfio no bolso e me forço a voltar o foco para a tela.

Vários clipes de mulheres tomando banho aparecem e, a cada vídeo que passa, meus dentes se apertam cada vez mais forte, até que cada osso do meu rosto ameace rachar.

Elas estão todas vestidas com camisolas hospitalares, antes e depois do banho, e muitas estão cobertas com bandagens ou gesso. Eram pacientes e estavam sendo gravadas sem saber, apenas para o prazer visual do médico.

2°  Livro| Caçando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora