Capítulo 3

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CAPÍTULO 3

POV MARAISA

Eu não sabia quem era aquela loira e também não devia nada para ninguém, mas não pensei duas vezes antes de me fazer de desentendida e sair daquele restaurante o mais rápido possível. Não queria prejudicar ele ou sua família e sabia que se respondesse alguma das perguntas dela, estaria contribuindo para isso.

Cheguei em casa ainda um pouco assustada e nervosa com toda aquela situação e minha irmã não deixou de notar que algo de errado acontecia comigo.

-Você disse que ia sair para procurar emprego. -ela me observou enquanto arrumava sua bolsa para voltar ao trabalho.

-E eu fui.

-E por que voltou tão cedo? -arqueou a sobrancelha.

-Não encontrei nada, Maiara! -meu tom saiu mais ríspido do que o normal, talvez por conta da desconfiança em sua voz.

-Diz a verdade. Você estava com ele, não estava? Assim como dias atrás ele te deu dinheiro para comprar os remédios da Laura.

Permaneci em silêncio.

-Maraisa, eu disse que ia te ajudar com os remédios assim que me pagassem lá no escritório! -elevou sua voz.

-E eu ia esperar até quando? Até a minha filha piorar? Eu não podia esperar, Maiara, não quando ela estava ardendo em febre! -minha voz também se alterou.

Ficamos um tempo em silêncio apenas nos encarando.

-Me desculpe... Você está certa. -minha irmã murmurou baixando a guarda. -Mas me dói tanto te ver pedir ajuda para aquele senhor.

-Senhor que nos deve muito, senhor que eu ainda amo e que eu sei que você também ama, apesar dessa marra toda.

-Eu não quero mais nada daquele nojento, Maraisa, nada! E eu odeio que você ainda tenha qualquer tipo de ligação com ele! Vocês foram almoçar juntos, não foram?

-Sim. -assenti de modo culpado. -Mas a mãe não pode nem sonhar.

-Eu não vou contar nada.

-Metade, ele é nosso pai, seu pai. -tentei amaciar a fera.

Apesar de tudo que havia acontecido, eu o amava e sabia que minha irmã sentia o mesmo, só não queria admitir.

-Ele deixou de ser meu pai quando nos abandonou completamente. -a ruiva disse.

-Você lembra o que o Rogério dizia?

-"Bastardas, filhas da amante". -imitou a voz do homem que me deu arrepios durante a vida toda. -Me traz uma sensação horrível só de lembrar.

-Então, é isso que somos. -disse. -Eu não estou dizendo que o pai estava correto em nos abandonar, mas antes da gente e da mãe, ele tinha uma família, uma mulher e um filho.

-Foda-se! Nem eu e nem você pedimos pra vir pra esse mundo, e a partir do momento que isso aconteceu, ele tinha que arcar com as consequências! E quando digo arcar com as consequências não quero dizer durante alguns anos, mas sim para sempre.

-Está bem, Maiara, está bem. -cedi, cansada daquele assunto.

-Você se conforma em ser filha da amante, eu não, e não vou! -exclamou mais alto do que devia.

-Shiu! A mãe tá aí e pode ouvir! -a repreendi.

Minha irmã se encolheu e continuou a ajeitar suas coisas. Não iríamos mais conversar sobre aquilo, então passei a arrumar o quarto de modo apressado, pois tinha algumas coisas para fazer antes de buscar a Laura na creche.

Macarons - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora