Macarons - Malila

Capítulo 44

CAPÍTULO 44

POV MARÍLIA

Fui despertando aos poucos, a claridade do quarto incomodando meus olhos, então me lembrei que não havia fechado as cortinas na noite anterior e me amaldiçoei por isso.

Com dificuldade, peguei o celular na mesa de cabeceira e verifiquei a hora: 7:22. Eu nunca acordaria em um domingo naquele horário, me recusava! Juntei forças e me levantei para fechar a cortina e voltar a dormir. 

Maraisa ainda dormia. Notei que a coberta lhe cobria apenas da cintura pra baixo e caía da cama praticamente arrastando no chão. Caminhei até ela e levantei a coberta a fim de lhe cobrir por inteira. Quando fiz isso, notei algo vermelho no lençol branco, a mancha vinha de baixo do corpo da morena e fazia um rastro pequeno pela cama. Fiquei alguns segundos tentando entender do que se tratava, e quando finalmente consegui raciocinar, entrei em pânico.

-Maraisa! Maraisa! -chacoalhei seu corpo, guiada pelo desespero que me dominava.

Maraisa demorou para reagir, me fazendo pensar no pior. Mas logo ela foi acordando aos poucos enquanto eu a cutucava e a chamava desesperada.

-O que é, Marília? - resmungou sonolenta. -Me deixa dormir...

-Não! -a interrompi. -Maraisa! -levantei seu tronco à força. 

Ela se sentou na cama e me observou confusa. Descobri totalmente o seu corpo e a fiz olhar para a mancha no lençol. A morena também pareceu demorar um tempo para processar aquela informação, mas logo se deu conta.

-Marília... -sua voz tremeu. 

Ela tentou levantar, mas a impedi imediatamente.

Corri pelo quarto, me vestindo o mais rápido que podia. Peguei a minha bolsa e peguei a bolsa dela, verificando se seus documentos estavam todos lá.

Maraisa, por outro lado, não esboçava mais reação alguma. Ela permanecia sentada na cama, olhando a mancha vermelha no lençol como se estivesse em choque.

Não me lembro se a peguei no colo ou se só a ajudei a sair dali, mas quando ela se levantou da cama, notei que havia mais sangue do que eu tinha percebido antes. Deixei essa informação de lado, não era importante, pelo menos não agora. Em poucos minutos, estávamos saindo de carro do estacionamento do prédio.

O caminho até o hospital foi horrível, um silêncio assustador tomava conta do veículo. Maraisa não dizia nada, apenas observava um ponto vago através da janela do carro. Vez ou outra, eu a olhava de rabo de olho e percebia que seus olhos estavam se enchendo de lágrimas, fazendo o meu coração se despedaçar com aquilo.

Quando estacionei no hospital, Maraisa conseguiu finalmente dizer algo, algo que eu não deixei que ela completasse.

-Você acha que... -olhou para o meio das suas pernas.

-Não! -a interrompi de modo enérgico.

Resolvi tudo na recepção enquanto Maraisa era levada pelos médicos. Provavelmente aquela era a última vez que eu via a antiga Maraisa, porque dependendo do que havia acontecido, aquela mulher voltaria pra mim diferente.

Liguei para a Maiara imediatamente e aguardei o que pareceu uma eternidade sozinha naquela sala de espera. A ruiva e o Henrique chegaram em trinta minutos, ambos aflitos, tensos, desesperados.

-Marília, o que aconteceu? -a ruiva questionou assim que me viu. 

-Eu não sei! Eu acordei e a cama estava suja de sangue. 

-Já disseram alguma coisa? Como ela está? 

-Não disseram nada, Maiara. Levaram ela faz uns trinta minutos e não disseram mais nada.