Capítulo 24

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CAPÍTULO 24

POV MARAISA

Andei o mais rápido que pude, corri em direção a saída, fugi daquela casa como o diabo foge da cruz. Eu me sentia tão mal, tão pequena, tão suja e ao mesmo tempo sentia um ódio tão grande de todas aquelas pessoas.

Tudo que ouvi, tudo que vi e todos aqueles olhares de superioridade me diminuíram a um tamanho que eu nunca pensei que pudesse chegar. O tapa que levei ainda fazia o meu rosto latejar, mas não doía mais do que a minha alma.

No meio de toda aquela nojeira uma coisa boa existia: Marco havia me defendido, havia contado toda a verdade e eu sentia muita sinceridade nele. Seu pedido de desculpas, suas palavras, seu arrependimento, tudo era tão lindo, tão lindo até Elaine nos ver.

Mas eu também me sentia aliviada por ter me livrado daquela rede de mentiras sujas. Eu estava livre! Tão livre que não queria mais nada daquilo e, quando digo nada, era pra valer. Minha mãe sempre dizia pra eu ficar longe daquela gente, ela tinha razão e era o que eu faria dali pra frente.

Apesar de não estar brava com o Marco e de ter me acertado com ele, não estava pronta para enfrentar tudo o que vinha depois. Eu queria distância daquela vida e daquelas pessoas. Eu não teria psicológico para continuar enfrentando tantas humilhações e tantos olhares ruins, não mais!

Marília e Marco me chamavam desesperados, mas eu não podia mais e sentia muito por eles, por eles e por mim. Quando cheguei na rua, peguei meu celular para acessar um desses aplicativos de transporte, mas eu tremia tanto que não conseguia fazer absolutamente nada.

A loira e o meu pai me alcançaram, ambos nervosos e muito preocupados, mas eu não me importei, pois só queria sair daquele lugar e nunca mais voltar.

-Filha, me desculpa! -pediu com a voz cheia de remorso. -É tudo culpa minha! Você não devia ter que passar por isso! Me perdoa, me perdoa.

Eu ainda lutava contra as minhas mãos trêmulas.

-Amor, me deixa ver o seu rosto. -Marília tentou me tocar, mas eu me afastei.

-Maraisa, vamos conversar com calma. Me deixa cuidar de você, filha. -ele também tentou me tocar, mas me distanciei outra vez.

Eu não conseguia dizer nada, pois minha atenção estava voltada pro meu celular, tentando sair dali o mais rápido possível e ir pra bem longe deles.

-Filha, me desculpa se ela te machucou. -meu pai implorou me segurando firme pelos braços.

Olhei em seus olhos pela primeira vez naquele momento e notei que ele parecia cansado, mas não tanto quanto eu estava.

-Isso aqui... -apontei para o meu rosto me referindo ao tapa que levei. -...não é nada perto do que eu tô sentindo aqui dentro. -disse em um fio de voz.

Vi Marília suspirar pesadamente diante do meu estado. Eu a conhecia e sabia que, apesar de não ser sua culpa, ela estava se culpando pelo que havia acontecido. Quando a loira ia reagir, ouvimos Arthur gritar pelo pai de dentro do jardim. Ao ver que ele estava se aproximando, me afastei com medo. Marco avançou na minha direção e me abraçou, me abraçou tão forte como nunca havia feito.

-Me perdoa. -sussurrou no meu ouvido. -Eu te amo, Maraisa, muito! Nunca se esqueça disso, tá bem? -beijou minha testa de modo carinhoso. -Nós ainda vamos nos ver e eu vou consertar tudo isso, eu prometo!

O homem se afastou e me observou durante alguns segundos mais. Em seguida, se aproximou da Marília.

-Leva ela pra casa e cuida dela, por favor. -pediu para a loira. -Eu tenho muito o que resolver lá dentro. -ele entrou rapidamente, antes que Arthur viesse ao nosso encontro.

Macarons - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora