Capítulo 35

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CAPÍTULO 35

POV MARÍLIA

Infelizmente era sempre assim: quando Maraisa e eu estávamos bem, ela sumia ou ficava estranha. Não era a primeira vez e provavelmente não seria a última. Essa situação me deixava tão cansada, mas eu não podia fazer nada, afinal, não estava pronta pra desistir dessa relação.

Estávamos nos vendo quase sempre, ficando de vez em quando e curando nossas feridas juntas. Mas na noite em que combinamos de ver um filme, ela foi embora tão rápido, estava estranha e não me deixou nem contestar.

Telefonei no dia seguinte e no outro, não fui atendida. Perguntei sobre ela para Maiara e também não obtive resposta. Era como se voltássemos à estaca zero, para a minha tristeza.

Surpreendentemente, Maraisa retornou minhas ligações no domingo à noite. Sua voz estava estranha, como se estivesse chorando, mas não mencionei isso, apenas ouvi o que ela tinha a dizer.

-Marília... me desculpa.

Por que ela estava se desculpando? Por não atender minhas ligações?

-Tá falando do que? Se é por não ter me atendido, saiba que eu odeio quando você faz isso!

-Marília... -ela murmurou meu nome outra vez, sua voz parecia sufocada.

-O que?

-Posso te ver?

-Agora?

-É.

-Tá meio tarde... Aconteceu alguma coisa?

-Posso ir até aí?

-Pode, mas...

-Eu tô indo. -ela nem ao menos esperou que eu terminasse de falar e desligou.

Maraisa levou cerca de uma hora para chegar, aquela uma hora acabou comigo. Eu estava com medo, sentia que alguma bomba iria cair sobre a minha cabeça, sobre nós.

Assim que a atendi, notei algo diferente, ela não estava bem, seus olhos estavam inchados, mas Maraisa tentava esconder isso. Ela me abraçou de um jeito diferente, me abraçou forte e ficou nos meus braços mais tempo do que o normal, como se aquele fosse o nosso último abraço. Foi ali que meu medo triplicou.

-O que aconteceu? -a guiei até o sofá e fiquei esperando que ela começasse a falar.

Vi Maraisa travar uma batalha consigo mesma, tentando se manter calma e não vacilar. Ela parecia não querer chorar e estava se esforçando pra isso.

-Eu preciso te contar uma coisa.

Assenti e esperei que ela continuasse.

-Mas primeiro você precisa saber que eu não queria isso, foi algo que simplesmente aconteceu. Sei que eu tenho culpa, que fui burra, mas não era pra terminar assim, eu juro que não era.

-Maraisa...

Suas palavras me deixaram tão nervosa que comecei a tremer após elas.

-E mais uma coisa... eu te amo, tá? Muito. Por favor, nunca duvide disso. -sua voz vacilou levemente, mas a morena se esforçou para se manter firme e forte.

Senti meu coração se aquecer com o seu "eu te amo", pois era a primeira vez que Maraisa dizia isso desde que terminamos, era a primeira vez que ela admitia que ainda me amava. Infelizmente, após aquilo, senti que o mundo iria desabar sobre a minha cabeça.

-Marília, eu… eu…

-Você o que, Maraisa? -perguntei sentindo o desespero tomar conta de mim.

-Eu… tô grávida.

Macarons - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora