Macarons - Malila

Capítulo 48

CAPÍTULO 48

POV MARAISA

Henrique e eu voltamos do guichê onde assinei a autorização para Laura viajar.

Marília estava sentada com a minha bebê e brincava com ela de algo que não consegui identificar, mas a cena era tão linda que eu podia ficar horas e horas observando se não fosse a minha crescente irritação com Henrique.

Eu estava desde ontem pedindo para ver as passagens de volta, mas Henrique ficava adiando aquele momento, o que me fazia ter um certo medo. E se ele não pretendesse voltar com a Laura? Existem histórias assim, de pais que fogem com os filhos. Talvez eu estivesse um pouco preocupada demais, mas só iria relaxar vendo a tal passagem.

-O voo sai em uma hora. -Henrique checou o horário em seu relógio. -Precisamos ir.

-Não. -neguei. -Me mostra a passagem.

-Ainda essa história? -revirou os olhos. -Você tá cada dia mais paranóica!

-Você comprou passagens de volta, não comprou? -diz que sim!

-Mas é óbvio! Eu tenho um emprego aqui, preciso voltar.

Nos aproximamos de Laura e Marília, que pararam a brincadeira imediatamente.

-Então me mostra. -pedi.

-Pra que? -riu debochando do meu aparente desespero. -Nós vamos voltar. Em uns cinco anos talvez, mas vamos!

-Para com isso! -esbravejei. -Me mostra logo! Se não mostrar eu vou lá no guichê e cancelo a autorização pra ela ir!

-Você já assinou, não tem como voltar atrás. -sorriu triunfante.

-Vai logo! Onde estão as passagens? Me deixa ver! -aquela altura eu já havia perdido toda a minha paciência.

-Tá vendo? Ela é histérica! -disse em direção a Marília. -Você que vai ter que aguentar isso agora, não eu!

Vi a loira olhar de cara feia em direção a ele.

-Tá no celular. -por fim, ele disse.

Henrique levou cerca de um minuto para encontrar as passagens de volta em seu login no site da companhia aérea. Observei atentamente o documento digital e, quando vi a data, quase esmurrei a cara dele, só não fiz isso porque a Laura observava tudo.

-Domingo? Você me disse que voltava na sexta!

-Mudança de planos. -sorriu descaradamente. -Não surta! São só dois dias a mais.

-Ai, sério! -respirei fundo. -Não tenho mais saco pra você! -eu estava cansada de ter que aguentar ele e a nossa nova relação extremamente desgastante.

Henrique me apavorava o dia todo com isso da viagem e me tratava com deboche. Óbvio que eu não deixava barato, mas a partir do momento que ele começou a incluir a Laura nisso, tentei baixar a guarda. Infelizmente já era tarde demais.

Marília me abraçou pela cintura e sussurrou no meu ouvido:

-Sério, pra mim não dá! Não aguento nenhum minuto mais na presença desse idiota. Vamos embora!

Eu apenas assenti e peguei a minha filha nos braços. Fiquei um bom tempo me despedindo dela, a beijando e a abraçando. Laura parecia animada com a viagem, o que me confortava um pouco.

-Você pede pro seu pai ligar todos os dias, tá? Vamos conversar por vídeo sempre!

-Tá bom, mamãe.

A orientei para se comportar, para comer, para aproveitar muito e respeitar os avós. Também disse que ia morrer de saudades.

-Eu te amo, minha vida. -a beijei novamente e a abracei.