Macarons - Malila

Capítulo 26

CAPÍTULO 26

POV MARÍLIA

Encontrar Maraisa já seria tortura suficiente, mas encontrar ela com o Henrique e a filha, como se fossem uma família feliz almoçando no domingo, era mil vezes mais torturante.

Quando a vi ali, a dor foi tanta que pensei que não iria suportar, mas fui obrigada pelos meus amigos a ficar, mesmo contra minha vontade.

Enquanto Luíza e Murilo conversavam, comiam e davam altas risadas, eu permanecia calada. E apesar deles tentarem me distrair, minha cara emburrada não negava o que eu estava sentindo. 

Cruzar meu olhar com o da Maraisa era horrível, mas eu não iria ceder, não daria esse gostinho a ela. Toda vez que nossos olhares se encontravam, eu fazia um esforço enorme para sustentar meus olhos nos dela e não desviar o olhar de jeito nenhum. Ela, no fim, sempre acabava cedendo e olhava para qualquer outro lugar. Eu me sentia mal por fazer aquilo, mas era o mínimo que ela merecia por ter me abandonado e estar com o Henrique outra vez. 

Quando finalmente consegui me distrair, Luiza fez o favor de derrubar sua taça de vinho em mim, sujando toda a minha blusa. Praguejei aos quatro ventos e saí pisando duro em direção ao banheiro para me limpar. 

Entrei no cômodo tão abruptamente que nem percebi a presença da Maraisa, ela estava terminando de trocar a Laura em cima do trocador. Meu coração disparou de um jeito que eu pensei que fosse sair de dentro do meu peito. 

-Desculpe, já estou de saída. -murmurei num impulso.

-Não precisa sair de um lugar só porque eu estou, Marília. -que saudade eu sentia de ouvir ela dizer o meu nome.

-É que eu faço questão! -disse rispidamente, também num impulso.

Ela me olhou levemente assustada e abaixou a cabeça enquanto continuava a trocar a filha.

-Malilia! -Laura exclamou esticando os bracinhos na minha direção

Senti meu coração se aquecer imediatamente com o fato dela ainda se lembrar de mim. Maraisa colocou os braços da menina para baixo, evitando que ela me chamasse outra vez, mas a pequena continuou a me olhar e murmurar coisas que eu não entendia. 

Já a morena, estava tão nervosa que deixou cair alguma coisa no chão e, quando se abaixou para pegar, na hora de voltar, acabou batendo a cabeça no trocador.

-Inferno! -praguejou.

-Precisa de ajuda? -dei alguns passos em sua direção.

-Não! -agora era sua vez de ser ríspida. -Para uma pessoa que faz questão de não estar no mesmo ambiente que eu, você tá aqui há muito tempo, não acha?

-Eu só queria saber se podia ajudar em algo, só isso! -a cortei e me dirigi até a pia.

Peguei algumas folhas de papel e comecei a esfregar a mancha de vinho na minha blusa, ela não iria sair, mas se secasse um pouco já ajudaria bastante. 

Observei de canto de olho Maraisa terminar de trocar Laura e a pegar no colo enquanto distribuía beijos carinhosos pelo rosto e pescoço da menina, arrancando risadas da pequena. Aquela cena era tão bonita que me fez esquecer totalmente das farpas que havíamos acabado de trocar. Só quando a morena se encaminhava para a saída do banheiro, tive coragem de reagir.

-Maraisa. -chamei.

Ela se virou e me olhou nos olhos.

-Me desculpe por isso. Apesar de não parecer, eu só quero o seu bem e que você seja feliz. -confessei.

Ela engoliu em seco antes de responder.

-Eu também só te desejo coisas boas, porque é o que você merece. -fez uma pausa. -Sinto muito se te magoei, não era minha intenção.