Capítulo 64

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CAPÍTULO 64

POV MARAISA

No dia seguinte, não consegui trabalhar direito, pois não parava de pensar em Marília e no fato de que eu não estaria lá quando ela acordasse. Minha concentração nas reuniões e papeladas era igual a zero, inclusive, por conta disso, meu pai precisou chamar minha atenção mais de uma vez naquela tarde.

Por volta das três horas, Dona Ruth me ligou e disse que Marília havia acordado, que ela estava um pouco nervosa e abalada, mas que no geral estava bem. Naquele mesmo instante, senti vontade de largar tudo e ir vê-la, mas infelizmente não pude.

Trabalhar o resto do meu turno foi uma tortura e das piores. Quando saí da empresa, peguei um carro de aplicativo e fui direto para o hospital. Assim que cheguei, Dona Ruth me recebeu em um dos corredores insossos e tristes daquele lugar e me passou algumas informações referentes a Marília.

-Ela só vai ter alta na sexta-feira.

-Mas por que só sexta? -questionei.

-Apenas por precaução, querida. Os médicos querem se certificar de que ela está 100% bem antes de ir embora. Dizem que foi um milagre, pois pela proporção do acidente era pra ter sido algo muito pior. -fez uma pausa. -Outra coisa, Marília está um pouco nervosa, então tente manter o clima calmo, tá bem?

-Claro, Dona Ruth. -assenti.

Eu estava tão ansiosa para vê-la.

-Vou para casa tomar um banho e descansar. Volto mais tarde.

-Não, não precisa. Eu fico com ela a madrugada toda.

-Mas, Maraisa, amanhã você trabalha.

-Não tem problema. Vou daqui direto para o serviço.

-Tem certeza? Você vai ficar cansada.

-Não vou. Por favor, Dona Ruth, eu quero ficar com ela. -pedi.

-Então eu volto bem cedinho para que você possa pelo menos ir pra casa antes de ir trabalhar, combinado?

-Tá bom. -cedi.

-Fique bem, querida. Qualquer coisa me ligue imediatamente.

Nos despedimos e Dona Ruth foi embora.

Respirei fundo umas mil vezes antes de entrar naquele quarto de hospital. Assim que botei os pés dentro do cômodo, meus olhos viram uma Marília frágil e debilitada. Ela tinha os olhos vazios e vermelhos, provavelmente de tanto chorar. Assim que nossos olhares se encontraram, senti vontade de desabar, mas não o fiz, pois não queria deixá-la nervosa.

-Amor. -sussurrei e me aproximei lentamente.

Marília começou a chorar desesperadamente diante da minha presença, o que me assustou muito.

-Você tá aqui. -murmurou entre lágrimas.

-Calma, calma. -segurei sua mão e beijei os nós dos seus dedos. -Tá tudo bem, vai ficar tudo bem.

-Me deixa te tocar, por favor. -com dificuldade ela passou os dedos pelo meu rosto. -Você tá bem, não tá? Me diz que tá. -um soluço escapou de sua garganta.

-Por favor, não chora. Calma, meu amor, calma. -segurei sua mão outra vez e acariciei seu rosto delicadamente.

-Eu te amo, eu te amo muito.

-Eu também te amo, minha vida.

Era terrível vê-la tão frágil. Eu queria tirar toda aquela dor de dentro do seu coração e cuidar dela pro resto da vida.

Macarons - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora