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São exatamente cinco e meia da manhã de uma sexta muito fria na Rússia.

Faz meia hora que estou acordada, sentada sobre o vaso sanitário olhando pra caixinha em minhas mãos. Ainda está escuro, todos dormindo provavelmente.

simplesmente não consegui pregar os olhos por três horas, perguntas martelam minha cabeça a dias, o medo tomava conta de mim, simplesmente não consigo comer pensando. Me neguei até onde pude, acreditando ser apenas estresse, mas não tem como mais fugir disso, tenho que fazer.

Suspirei e levantei do vaso, onde estava sentada na tampa.

Me coloco de frente para o espelho e vejo uma figura assustadora, lábios ressecados, cabelo bagunçado e uma tonalidade escura abaixo dos olhos que não me agrada. Esfrego minhas mãos no rosto numa nitida reação de nervosismo e apreensão. Tentei me senti menos acabada arrumando meu cabelo e lavando meu rosto. Sentada no vaso, pensei em inúmeras coisas se aquilo realmente real, eu morreria, minha vida acabaria.

Abri um pouco as pernas não aguentando mais segurar aquele xixi. Estava prestes a tirar minha dúvida quando escuto um toque suavemente na porta. como se fosse possível, meus músculos se contraíram mais ainda.

— Jennie? — era Paola, sussurrava baixinho, provavelmente pra não acordar Raissa capotada na nossa cama

— Oi

Ela não responde, conhecendo bem minha irmã ela estaria esperando que eu abrisse a porta para que podesse falar. Peguei o roupão e me enrolei rapidinho, por puro medo que talvez possa passar alguma desconfiança sob o que eu iria fazer. Medo dela descobrir

— Oi, Lola — abri somente um pouco

— Estou indo trabalhar. Quero ter uma conversa com você mais tarde, não faça planos.— estranhei, mas concordei.— Me espere lá no trabalho das meninas às 15h?

— Espero. Mas está tudo bem?

— Está sim.— estende sua mão até meu rosto e faz uma carícia.— Não se atrase, ok?

— está bem.— se aproxima, depositando um beijo na minha testa.

Ela se afasta e sorri sem dente, dá as costas e sai do quarto. Não pude deixar de estranhar.

Paola é uma mulher dura na queda, e como sabem, minha família não é muito amorosa e não foi também com ela. Mas Paola sempre foi comigo, no quesito "estou com você" "conta comigo sempre" "eu confio em você", "você consegue". Ela afirma seu amor por mim desta maneira. Sei que assim como senti falta de afeto perante aos meus pais, tenho certeza que ela também sentiu ou sente até hoje. Porque na ordem, ela não foi planejada depois de uma gravidez de gêmeos, para meus pais foi o fim do mundo tê-la naquele momento, onde a atenção era totalmente para os gêmeos pois martin e Juan tinham apenas um ano quando Lola nasceu.

Assim como eu fui também pois na época era tudo mais complicado. Nisso, Paola sempre me tratou com carinho, como uma boneca na vida dela. A irmã que ela tanto queria.

Quando meus pais saiam para trabalhar ela quem cuidava de mim. Tenho lembranças claras em minha memória dela dizendo enquanto me fazia dormir, que era o amor da vida dela, que eu era a pessoa que ela mais amava na vida e que um dia faria de tudo para me dá tudo o que eu precisava, mesmo sendo tão nova na época. E ela me dá hoje, amor do jeito dela, carinho, coisa que eu tanto buscava dos meus pais.

Meio que Paola deixou de brincar na rua com seus coleguinhas para brincar comigo dentro de casa. Não só ela como Martin também. Foi com os dois que descobri afeto físico e falado. Depois veio a lua, e me deu mais amor ainda.

Efeito Ardente - Jenlisa (g!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora