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Ao receber sua mensagem, meu coração pareceu esquecer como se bombeia sangue por todo corpo.

Por milésimos achei que ele pararia naquele instante, cheguei mesmo acreditar que ele havia parado. Passei segundos olhando aquela mensagem, raciocinando e imaginando o que poderia ter acontecido. Tudo que me vinha a cabeça era Raissa. A resposta que recebi fez ele voltar a funcionar e bater feito louco desesperado.

Kaká: As meninas sofreram um grave acidente, Lis. Venha embora, por favor! Eu preciso de você aqui, não aguento tudo sozinho. Estou desesperado.

Kaká: Seu vôo está marcado para oito da manhã aí na Tailândia, te imploro que venha.

Dei um pulo do sofá e corri até o quarto da minha mãe,  tão desesperada que sequer bati na porta, esquecendo a educação básica. Minha mãe estava deitada sozinha na cama. Provavelmente marco já saiu pra trabalhar. Me ajoelhei na cama e sem querer, por culpa do nervosismo, a assustei.

— Mãe — Ela sentou na cama meio atordoada a procura de seus óculos

— Lala!? o que foi, meu amor?

— As meninas, mãe. Minhas amigas.... Eu preciso voltar pra Rússia

— O que aconteceu, minha filha?

— Minhas amigas sofreram um acidente, mãe. O que eu faço? O que eu faço? — levantei saindo do quarto, lembrando do horário do vôo

Minha mãe veio atrás, senti sua movimentação. Abri meu guarda-roupas e tirei de lá uma mala qualquer, começando a jogar a quantidade de roupa que julgava ser necessário.

— Filha

— Meu vôo está marcado pra oito da manhã. Preciso me apressar

— Você está nervosa, pare e pense um pouco

— Preciso saber como elas estão. Parece sério — Engoli o nó subindo na garganta — Preciso chegar o quanto antes. Preciso falar com elas, ver se estão bem. Raissa está me esperando, mãe. Deve está chateada comigo ainda, preciso me desculpar. Eu deveria estar lá.. Eu...

— Filha, olha pra mamãe, meu amor — Ela me vira, pegando meu rosto na palma das mãos — Respire.

Fecho meus olhos sentindo sua carícia em minha face.

— Tome um banho, coma e vá.

— Não dá, não tenho tempo, mãe.

— Ao menos tome um banho, filha. Mamãe te prepara um lanche pra comer no avião — Me puxa um pouco pra baixo para deixar um beijo na testa — Tudo ficará bem, Lala.

Assim, meio perdida, tomei um banho rápido. Quando saí do banheiro ainda de toalha, minha mãe estava sentada na cama, separava manhã documentação.

Ao seu lado uma bandeja e um suco sob ele. Dona chipmunk levanta, pega o copo e vem em minha direção. Parada em minha frente ela ergue o vidro até minha boca, me fazendo tomar sem sequer me perguntar se quería. Antes de acabar, ela coloca também em minha boca um comprimido. Sabia que era as vitaminas que sempre tomei e que nunca faltou no armário de casa. Quando acabei de tomar o suco ela acaricia minha bochecha.

— Filha, você quer que a mamãe vá com você? Sei o quão assustada está e queria ficar do seu lado.

Sei que minha mãe se sente sozinha nessa casa. Meu irmão vive rodando esse mundo junto com a irmã dele. Meu pai quase nunca está em casa, respira trabalho e enxerga dinheiro. Nossa governanta era a sua única companhia, mas ela tem que voltar pra casa todos os dias. Minha volta pra casa deixou minha mãe feliz, isso porque todas as noites assistimos filmes no meu quarto, tomamos cerveja juntas na varanda e conversamos muito. Vejo que ela sente saudade de ter alguém perto para ter esse tipo de contato. Sua irmã saiu de casa depois da minha exigência a anos atrás, ela era como sua melhor amiga.

Efeito Ardente - Jenlisa (g!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora