18:01h
É extremamente assustador visualizar tudo isso diante dos meus olhos, um lugar fechado, mulheres visivelmente apreensivas, posso dizer que com medo de serem descobertas.
Comportamentos corporais indicava a apreensão daquele momento nelas, e eu super entendo o motivo. Me encontro da mesma maneira. São muitas coisas a se pensar, está alí era um erro, não para elas, mas para eles, que colocam vidas em riscos borlando a lei, vidas de mulheres que não viam uma saída ou solução
Sentada em uma das cadeiras de espera, eu observei um casal jovem. Diria que ainda no ensino médio. A moça parecia triste, ele ansioso. Ele não olhava pra ela, mas ela... sentia pena de cada olhada que fornecia a ele. Conseguia imaginar o que ela pensava ao olhar pra ele, era como se a moça tentensse mudar a idéia dele, mudar a opinião de uma possível rejeição, o motivo deles estarem alí. Talvez seja um casal com um fruto não desejado, e pelo olhar dela, indesejado por ele
Ela queria tanto...
Abaixei minha cabeça pensando em como tudo pode desabar tão de repende. Olha onde estou, sentada em uma clínica clandestina, escondida em uma rua deserta, cercada de jovens e adultas sem ver uma solução. Me ver nesse cenário me machuca, minha vida estava - posso dizer comparada a agora - perfeita. Onde eu fui me meter? Por que erramos assim?
A moça entrou, mas o jovem homem ficou, observou ela entrando na sala, esfregou as mãos no rosto e saiu pela porta de entrada.
Levantei, por algum motivo meu corpo impulsiona para seguir e acompanhar sua movimentação. Do lado de fora eu observei o homem atravessar a rua, sentando na calçada do outro lado. Seu olhar viajou longe, passeando pela estrada que não passava carros. Seus olhos escorregou lágrimas, deduzo ser de desespero. Eu sentei alí também sob aquela calçada e fiquei muitos minutos, sem saber o que fazer ou o que pensar.
Cerca de uma hora depois ele levanta a caminho da clínica. Eu continuei alí, paralisada sobre uma calçada fria. Pouco tempo depois vejo eles saindo pela porta de entrada, a moça chorava contraída nos braços dele, caminhava extremamente calma, pisando em "ovos", parecia machucada e incomodada. Ele a guiava, calmamente entraram em um táxi um pouco longe estacionado na primeira esquina. Dalí vi o carro indo embora, muito devagar.
Será que ela fez? Pelos passos, sim.
Lembro quando Paola chegou naquela manhã caminhando como ela. Naquele dia minha irmã se portava como aquela jovem, passos calmos, a mesma aparência minha irmã mais velha tinha no rosto, tristeza, medo...
Perdida nos meus pensamentos eu pude escutar um resmungo vindo da minha barriga, sequer tomei café da manhã hoje.
Meu celular apita, ainda sentada na calçada atendo a chamada, acolhendo minhas pernas numa tentativa de me proteger do frio.
- pequena?
- Oi, irmão
- você está em casa, certo?
- certo - menti
- Perfeito! Então se arrume que irei te buscar às 19h, já está tudo pronto pra comemorar o aniversário da lua
Uma felicidade atinge meu peito, só de lembrar dela é assim, como se lua fosse meu único combustível pra não desistir de todo esse medo que me atormenta.
- Só nós quatro?
- não, teremos mais uma pessoa pra comemorar. Um alguém quer te conhecer, pequena
- Martin, eu não estou animada hoje. será que podemos...
- Minha pequena, juro que você vai amar. Sei que não anda bem, mas prometo que vai se divertir.
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Efeito Ardente - Jenlisa (g!p)
FanfictionMoscou era o melhor destino para ela, jennie kim, que sempre sonhou em ser fotógrafa. Lá, ela cumpriria esse desejo em uma das melhores faculdades do mundo, só que o que ela não sabia era que lá sua história mudaria para sempre, com apenas dezenove...