Coloque um rosto corajoso
Aja como um terremoto que não deu certo e rasgou-se
E tudo o que construimos dentro deste lindo e seguro espaço
Aqui nessa sala onde você deveria estar
Estou te perdendo de visita...
— Que sofrência, pescoço de galinha
Cesso o tom saindo não só por minhas cordas vocais, mas também do meu violão branco, onde só assim podia expressar todo o sentimento guardado dentro do meu peito
Deitada no sofá da sala, com as pernas apoiadas na mesa de centro, eu vi Raissa e Kiara descendo os degraus. Preguiçosa, abandono meu violão, apenas o soltando sobre meu corpo e relaxando meus músculos.
— Supera, lalisa — Raissa debocha
As duas caminham até a porta de entrada, já preparadas pra sair.
— Aonde vão?
— Buscar a soso — Kiara responde
— O corno do irmão dela saiu no carro. Aí temos que busca-la — Racca explica sem paciência
— Preciso conversar
Kiara estranha meu tom
— Ihh, que cara é essa? Não vai nos dizer que está grávida, vai? — Abre a boca fingindo está em choque — Já disse, sou nova pra ser tia. Ouvir um pirralho me pedindo dinheiro e atormentando minha vida está fora de cogitação
Retiro os olhos e nem faço esforço pra responder, Kiara fez o suficiente acabando com sua graça ao depositar um tapa em seu braço
— Vão demorar?
— Não, só vamos buscar ela e passar na farmácia na volta
— Tudo bem, espero
— Lis, você está bem? É algo sério? — Kika pega a chave do carro da Paola
— Quando vocês chegarem a gente conversa, preciso que soso esteja também
— Então voltamos já
Elas saem em seguida, e eu voltei a dedilhar as cordas do violão, com a cabeça apoiada no encosto do sofá focada no teto.
A estranha sensação de está perdida em você mesmo é algo que não desejo a ninguém. Viver com o sentimento de erro e não poder voltar atrás vem me torturando aos poucos. Eu errei, fui rude, não soube usar as palavras nem a delicadeza em um momento tão difícil para alguém que tanto amo. Dói, dói todos os dias acordar e não ter aquilo por perto, aquilo que tanto me acostumei a ter, aquele carinho, aquele companheirismo, amor, amizade, lealdade e confiança. Aquilo que sempre tivemos, o amor que criamos. E hoje, um ano depois, esse "aquilo" vem me matando pela sua audiência. É sempre assim, a maioria das pessoas só percebem que têm quando acaba sentindo falta, e eu sinto, sinto falta dela por perto.
Não sei quando exatamente tudo isso começou, não sei exatamente quando tudo saiu do meu controle, mas quando vi, estava de mãos atadas. Percebi que errei quando acordei pela manhã e ela não estava mais alí. Algumas roupas sumiram, sua caixa de memória não estava mais, a mala, sua malinha preta de rodinhas havia sumido.
Alí, só alí notei, botei a mão na consciência do que eu havia feito com ela, a fita rodou na memória e tudo que conseguia pensar enquanto vasculhava suas coisas no guarda-roupas era as palavras que saíram da minha boca. Me recusei acreditar que Jennie havia ido embora, e mais ainda me neguei acreditar que o motivo caiam sobre mim. Ela jamais iria se não tivesse motivo, tínhamos planos. O projeto do nosso estúdio de fotografia ainda estava no papel, como ela iria embora se não vivemos nada planejado? Como ela iria deixar tudo pra trás sem ter um motivo grande ?
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Efeito Ardente - Jenlisa (g!p)
FanfictionMoscou era o melhor destino para ela, jennie kim, que sempre sonhou em ser fotógrafa. Lá, ela cumpriria esse desejo em uma das melhores faculdades do mundo, só que o que ela não sabia era que lá sua história mudaria para sempre, com apenas dezenove...