Capítulo 04

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BRUNA

— Você não ouviu uma palavra do que eu disse? — gritei para Isabela.

Estávamos no carro, dirigindo para o Baxter Bowl, um evento de caridade realizado anualmente em memória do ex-jogador Marcus Baxter. Marcus era um jogador famoso que foi morto por um motorista bêbado, há seis anos. A equipe e a liga patrocinavam o evento de caridade desde então. A WMBC comprou três mesas esse ano. Foi o meu primeiro convite, mas Isabela, como vice-presidente de Marketing, participava há anos.

— Eu ouvi. Ele é um babaca. Ele te mostrou o pau dele. Ele te envergonhou.

— E ainda assim você me pergunta se eu sonhei com ele na noite passada?

— Você sonhou?

— Não!

Talvez.

Ela encolheu os ombros.

— Eu sonharia.

— O cara é arrogante e grosseiro.

— Parece que ele é o seu tipo.

Ela foi certeira. O meu histórico de encontros não era o melhor. Eu tendia a me sentir atraída por caras do tipo errado.

— Não mais. Após esta longa desintoxicação, eu vou namorar apenas homens agradáveis, bem educados e confiáveis.

— Eu vou apresentá-la para o melhor amigo do meu pai, Gael.

— Que engraçadinha.

— O quê? Ele é muito agradável. Eu juro. Tenho certeza de que é por isso que sua esposa se divorciou dele e se casou com o instrutor de dança de salão de quarenta e cinco anos. Ele era muito chato... quero dizer, agradável.

— Esquece...

— Então, o que você vai fazer na próxima semana se ele fizer isso de novo?

— Ignorá-lo e continuar a entrevista. Eu esperava que ele fosse um idiota, mas não que me mostrasse o pau. Ele me pegou desprevenida. Vou estar preparada na próxima vez.

— Você acha que ele vai estar lá hoje à noite?

— Espero que não. — Uma minúscula parte sombria e masoquista do meu cérebro estava ansiosa para vê-lo. Embora nem no inferno eu admitiria isso.

Minha mesa no Baxter Bowl estava preenchida com uma interessante mistura de pessoas da mídia e de jogadores de vários times diferentes, incluindo o neto do proprietário do evento, o encantador Michael Langley,
que também era chefe de operações de radiodifusão, o que tecnicamente o fazia chefe do meu chefe, o Sr. Porra.

Conversávamos há quase uma hora, e fiquei surpresa ao descobrir que  tínhamos muito em comum. Nós dois fomos para Nova York, embora ele fosse  alguns anos mais velho. Nossos pais tinham sido jogadores profissionais quando eram jovens, e ambos morreram cedo. A família Langley era lendária
nos esportes.

Quando tinham terminado de limpar os nossos pratos de jantar, Michael se inclinou para mim.

— Quer dançar?

— Claro. Eu adoraria.

Na pista de dança, ele me conduziu numa dança lenta; tinha uma mão  firme e definitivamente sabia como conduzir. E era muito agradável para os olhos também.

— Eu gosto do seu cabelo preso.

Gentil também.

O cabeleireiro tinha levado quase duas horas para domar meu volume loiro andulado o suficiente para fixá-lo todo em cima da minha cabeça, mas alguns fios já tinham escapado.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora