Capítulo 31

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                     YASMIM

Desejo. Deve haver uma razão para que depravada comece com a mesma sílaba.

Eu estava literalmente sentada no leito de morte da minha amada avó, e meu coração acelerou no minuto em que Raphael  voltou para o quarto. Vestido com uma calça jeans e uma camiseta térmica justa, ele virou o boné que ocultava sua identidade, e eu tive que forçar minha boca a fechar. Com o boné de beisebol para trás e o cabelo saindo, ele parecia com o atleta por quem eu me apaixonei.

— Alguma novidade? — Raphael  perguntou.

Eu balancei a cabeça.

— Eles a trouxeram de volta há alguns minutos. Estavam resolvendo as coisas e a enfermeira disse que os resultados já viriam também.

Ele pegou algo do bolso e estendeu a mão com a palma para cima, segurando um cartão magnético ou algo do tipo.

— Sua vez. — Minha testa enrugou. — Minha casa fica a apenas quatro quarteirões de distância. Você disse que mora em Uptown. Eu peguei na loja de presentes do hotel uma camiseta e uma daquelas calças de ioga que as mulheres usam e deixei no banheiro para você, caso queira se trocar.

— Loja do hotel?

— Eu moro no Regency Hotel.

— Sério?

— Sim. Durante a temporada. Eu fico na cabana no resto do ano.

— A cabana? Você ainda tem a cabana? Está terminada?

Ele sorriu.

— Ainda estou trabalhando nela, mas está chegando lá.

A cabana no norte do estado foi a primeira grande aquisição de Raphael quando se tornou profissional. O terreno era lindo, mas a casa estava um desastre. Ele queria reconstruir tudo sozinho. Eu só a visitei uma vez, mas as lembranças tinham ficado comigo. Era uma das últimas boas semanas que tive antes que eu ficasse fora de controle da última vez. Nós tínhamos batizado cada quarto em nossa semana lá. Uma memória, em particular, se repete muitas vezes em minha mente. Nós tínhamos acabado de fazer amor na frente da lareira com vista para o lago, e conversávamos sobre como gastar as pausas das temporadas juntos lá, consertando o lugar. Ele me disse que iria construir outra lareira no quarto porque amava o jeito como meus olhos
pareciam no brilho do fogo. Raphael  e eu tínhamos um monte de memórias, mas essa, o tempo na frente da lareira, me fazia lembrar de como me senti
total e completamente amada.

— Vá. — Ele me puxou de volta para o presente. — Nós provavelmente iremos ficar aqui outra vez esta noite. É a cobertura dois.

— Tem certeza de que você não se importa?

— Eu não iria oferecer se me importasse. Vá. Eu vou ficar aqui por um tempo. Além disso, você não pode deixar tudo aqui fedido, né? Esse é o meu
trabalho.

Eu nunca tinha estado em uma cobertura antes, mas, basicamente, parecia como eu esperava que fosse: grande, aberta, limpa e extravagante. O que ela não parecia era com a casa de Raphael. Algumas faixas com o logotipo do seu time descansavam na ponta da mesa na sala de estar. A mesa da sala de jantar tinha algumas correspondências e uma camiseta do time dobrada. Mas pouco mais demonstrava que alguém vivia lá quatro meses por ano.

Passei pelo quarto principal. O espaçoso closet estava cheio de roupas e sapatos. Em um lado inteiro estavam as camisetas e as calças de treino, camisas e agasalhos. Devia ter, pelo menos, vinte pares de tênis e chuteiras
alinhados neste lado do armário. Abri algumas das gavetas embutidas, e tudo estava dobrado, limpo e arrumado. Raphael sempre foi bagunceiro, o que o tornava o típico homem. Com certeza outra pessoa arrumava sua roupa. A
ausência de roupas femininas no armário me fez pensar que esse alguém era uma empregada doméstica, em vez de sua namorada.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora