Capítulo 18

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BRUNA

Dormimos na manhã seguinte só depois que o sol despontou no horizonte após termos trabalhado arduamente naquelas desculpas. A água aquecida caía em meus músculos doloridos conforme estendi as duas mãos e me segurei na parede do chuveiro.

Fechando meus olhos, repassei a maneira como Raphael parecia desolado na última noite. Eu não tinha certeza se foi a emoção da nossa conversa ou não, mas o sexo tinha sido especial, mais íntimo. Menos como sexo e mais como fazer amor. O pensamento fez meu coração derreter. A última pessoa por quem eu senti isso foi Drew. Eu sabia que era ridículo, mas uma parte minha se sentiu culpada pelos sentimentos crescendo dentro de mim. Raphael disse ontem à noite que queria deixar o passado para trás. E eu também quero. Mas, para fazer isso, eu precisava contar a ele que uma parte do meu coração sempre pertenceria a outro homem.

Eu estava no meio do caminho para o meu compromisso das onze horas para entrevistar um dos treinadores adjuntos do River quando recebi uma ligação dizendo que eles precisavam adiar até as duas da tarde. Raphael já havia saído para o treino, assim, em vez de voltar para o meu quarto de hotel
vazio, decidi parar por um segundo para uma muito necessária xícara de café.
O interior da Starbucks cheirava a abóbora e outono, o que parecia estranho, considerando que estava quase vinte e sete graus do lado de fora.

- Eu vou querer um Pumpkin Spice Latte. Eu ia pedir o bom e velho café, mas o cheiro me conquistou.

A pequena barista falou bem rápido:

- Nem me fale. Eu já fiz três hoje. - Caramba, eu nunca teria imaginado. - Qual é o seu nome? - Ela apontou a caneta para um copo alto.

- Bruna.

- É um nome bonito.

Meus olhos procuraram seu crachá. Puma.

Ela me pegou olhando.

- Sim. É o meu nome verdadeiro. Meus pais eram hippies.

Tentei parecer sincera.

- É legal. Único.

- Pelo menos eles me deram um nome do meio legal: Ophelia. Parece Delilah. E meu nome de casada é agradável e simples: Oar.

Eu sorri e me virei para o outro lado do balcão para esperar Poo (esse apelido, me fazendo lembrar de cocô, não soou tão legal assim) fazer o meu café com leite. Me aconchegando em uma cadeira enorme de couro no canto, bebi meu Pumpkin Spice Latte e abri meu notebook para acompanhar as notícias da manhã. Minha língua se encolheu quando o café quente queimou a ponta. Droga.

Quando entrei no feed de notícias ao vivo da WMBC, mal pude acreditar no que lia. Lá, na primeira página de um artigo de esportes da Associated Press, havia uma foto de Raphael e eu saindo do elevador no outro dia. Não estávamos de frente, mas de outro ângulo. Ainda assim, dava para ver claramente a mão dele na minha bunda. Então eu li a manchete: Repórter da WMBC em triângulo amoroso. Embaixo, havia algumas fotos da briga no
vestiário. Uma mostrava Yuri contra um armário com o antebraço de Raphael pressionando seu pescoço. O rosto de Yuri tinha o mesmo sorriso presunçoso que ele me deu enquanto estava provocando Raphael Merda. Como é que alguém iria me levar a sério depois disso?

Meu telefone começou a vibrar. Era do meu escritório. Respirei fundo e atendi:

- Bruna Maddox.

- Você estava de calcinha? Eu ampliei a foto no meu laptop, e não vi absolutamente nenhum traço de roupa íntima.

Isabela. Graças a Deus. Deixei escapar um enorme suspiro.

- Eu sou a piada do escritório?

- Não tenho ideia. Eu fechei minha porta tão logo me deparei com isto no meu feed. Eu posso ter passado alguns minutos admirando o peito de Raphael antes de mudar o olhar para o seu traseiro.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora