Capítulo 20

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BRUNA

Meu estado, já normalmente nervoso em aviões, estava no limite quando embarquei no voo de volta para São Paulo na segunda-feira à tarde. A equipe e a maioria dos jornalistas tinham voltado após o jogo ontem à noite, mas eu precisei ficar para uma entrevista com um jogador da faculdade local que era cogitado para ser uma opção de escolhas do Palmeiras na próxima temporada.

Raphael  reagiu bem quando falei com ele mais cedo, mas eu imaginava que a derrota da equipe ontem estava pesando em seus ombros. O jogador reservar  tinha jogado apenas quatro jogos e um deles custou a derrota ao time.

A voz do capitão surgiu para nos dizer que, devido ao mau tempo no leste, as decolagens tinham atrasado, e estávamos voltando para o portão, mas não teríamos que desembarcar do avião. Deveríamos sentar e desfrutar
de uma bebida de cortesia. Certo. Fácil para você dizer. Estas latas que voam, obviamente, não têm o mesmo efeito sobre ele. Por que cada voo que eu estava ultimamente tinha que mencionar o mau tempo ou algum outro cenário potencialmente catastrófico?

Quando descemos e o sinal do cinto de segurança foi desligado, fui rapidamente para o banheiro, em seguida, procurei na minha bolsa meu celular para dizer a Raphael que eu estava atrasada. O display iluminado, logo
em seguida, brilhou com o sinal de bateria descarregada e começou a desligar.

— Droga.

— Você precisa de ajuda com alguma coisa? — meu colega de assento, que estava provavelmente no final dos sessenta anos, perguntou.

Pensei em lhe pedir para usar seu telefone, mas eu não tinha ideia de qual era o número de Raphael. Eu nunca tinha realmente discado o número dele antes. Eu levantei meu telefone.

— Meu celular morreu e não sei o número da pessoa. Eu deveria encontrá-lo no meu apartamento, e acho que nós chegaremos atrasados, já que desligaram os motores.

— Ah. Abstinência de celular. Dizem que os efeitos podem ser tão assustadores quanto os da heroína.

— Você não tem um?

— Não.

— E alguém vai te buscar no aeroporto quando nós aterrissarmos?

— Sim. Minha esposa.

— Ela tem celular? — Ele balançou a cabeça, levemente divertido. — Como ela vai saber que estamos atrasados?

— Eu acho que ela vai falar com a companhia aérea, como tem feito nos últimos quarenta anos. Quem estiver te esperando não vai fazer isso?

— Definitivamente não. — Eu sorri e coloquei minha bolsa de volta sob o assento. — Então, como você passa o tempo sem internet?

— internet, o quê?

Na meia hora seguinte, expliquei detalhes de um jogo que não pareceu tão fascinante como era quando jogado. Meu novo amigo retornou o favor e explicou a arte do conhaque. Quando a atendente do voo veio nos oferecer uma bebida, ele pediu apenas dois copos. Em seguida, tirou uma garrafa de sua sacola, e nós provamos a bebida. Tinha um gosto ruim, mas bastou um pequeno copo misturado com a minha medicação de voo para que eu saísse do ar.

Quando finalmente pousamos, com mais de três horas de atraso, era exatamente o tempo que Raphael  estaria chegando na minha casa. Sabendo que o tráfego seria um pesadelo, parei no banheiro perto do portão e carreguei meu telefone enquanto usava o banheiro e me arrumava. O telefone se
iluminou novamente depois de alguns minutos, o suficiente para eu mandar uma mensagem para Raphael.

Bruna : Pousei só agora. O celular descarregou antes de eu decolar. Você já está na minha casa?

Raphael : Estacionando na sua garagem neste exato momento.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora