Capítulo 38

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                     BRUNA

— Você poderia dizer ao Sr. Porra que precisa de mais consertos no seu laptop? — Isabela esticou o pescoço, observando o cara bonito e muito jovem do TI que passava do meu escritório para o elevador.

Eu abri o meu computador, conectei e verifiquei se todos os meus arquivos estavam intactos. Eles estavam apenas atualizando meu software de vírus, mas, da última vez que entreguei meu laptop para qualquer um da manutenção, perdi uma semana de pesquisa. Eu cliquei na pasta SEP e puxei meu itinerário para amanhã.

— Você tem certeza de que não se importa de fazer isso?

— Você está louca? Eu mal posso esperar.

O celular de Isabela tocou. Ela olhou para baixo, sorriu e virou o telefone para me mostrar. A tela exibia uma imagem de uma lebre de desenho animado. Eu estava baixando as estatísticas do jogo da semana passada do banco de dados da empresa quando ela respondeu.

— Devin, docinho, você pode me fazer um favor? — Eu ouvi um lado da conversa enquanto Isabela  pedia a seu vizinho para alimentar seu peixe. — A comida? Sim. Está no meu quarto. Na pequena mesa ao lado da cama. — Houve uma pausa e em seguida: — Isso seria ótimo. Que tal se eu te fizer um
jantar quando eu voltar como agradecimento? — Ela estava sorrindo como um gato Cheshire quando desligou.

— O que está rolando?

— Nada. Apenas sendo uma vizinha amigável e pedindo a Devin para alimentar meu peixe.

— E você deixa a comida do peixe na gaveta do quarto?

Ela encolheu os ombros.

— É Manhattan. Qualquer armário é um luxo. — Olhei para a minha amiga super feliz.

— O que mais está na gaveta?

Ela parou.

— O que você quer dizer?

— Você mandou ou não mandou o maconheiro procurar bem na sua gaveta que contém o vibrador e a comida de peixe?

— Não! — Meu rosto dizia que sabia que ela estava mentindo. — Não tem um vibrador nela, eu o mudei para minha gaveta de calcinhas. — Ela caminhou até a porta do meu escritório. — Tem lingerie de renda preta, algemas de pelúcia, preservativos com sabores e loção. Sairemos às dez amanhã?

— Sim. E Isabela?

— Hum?

— Obrigada por fazer isso.

...

Eu mal tinha dormido na noite passada. Só de pensar que teria que ir para o vestiário do Palmeiras  amanhã e fingir que estava tudo bem eu sentia náuseas. Eu não pensei no que iria acontecer depois que saí do Regency há quatro dias, mas certamente não esperava o que aconteceu: absolutamente nada. Eu nunca tinha sido o tipo de garota que queria ser perseguida, mas algum tipo de tentativa de contato teria me feito sentir melhor. Isso me fez me perguntar se Raphael  tinha apenas voltado para sua suíte e seguido em frente.

Mas então eu vi uma foto dele andando no treino. Seus olhos estavam escuros e fundos, a cabeça baixa em derrota. Contra meus próprios conselhos, salvei a foto no meu computador. Ele estava tão triste que parecia que tinha perdido o campeonato. Tudo o que eu fazia quando olhava para a foto era uma força tremenda para não ligar para ele. E, aparentemente, eu estava me impondo a dor, porque fiz questão de olhar para a foto muitas vezes nos últimos dias. Um parte minha se sentiu culpada por ter fugido, depois que ele tinha acabado de enterrar uma mulher com quem se importava profundamente. Fazia dois anos desde que meu pai tinha falecido, e a agonia
da perda ainda era fresca em alguns dias. Mas depois me lembrei de que Raphael  não estava sozinho; ele tinha Yasmim para consolá-lo. Eu precisava me forçar a lembrar disso a cada vez que tinha o desejo de ligar para ele. E se eu ligasse, e ela atendesse ao telefone?

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora