Capítulo 09

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BRUNA

— Acho que alguém deve estar esgotada da noite passada. — Isabela  girou em volta de si mesma na minha cadeira ergonômica giratória.

Eu derrubei minha bolsa no chão e olhei para o belo arranjo de flores colocado no meio da minha mesa.

— De onde é que veio isso?

Ela levantou o cartão pequeno da floricultura em sua mão.

— Cityscape Florists. Chegou um pouco antes de você entrar.

— Preciso ir ao banheiro. Por que você não fica e se sente em casa? Ah,espere. Você já fez tudo isso. — Guardei a bolsa em uma gaveta, joguei meu celular sobre a mesa e olhei para o saco de papel marrom onde eu presumia que estivesse o café da manhã que Isabela nos trouxe. — Espero que seja algo gorduroso... Preciso disso hoje.

Quando voltei para o escritório, Isabela  estava falando no meu celular.

— Ela está vindo agora. Flores bonitas, a propósito. — Ela estendeu o meu celular com um sorriso insolente.

— Alô.

— Bom dia. — A voz de Raphael  estava marcada por rouquidão da manhã.

— Que tipo de flores foram entregues?

Olhei para o arranjo.

— Rosas. Elas são lindas. Obrigada.

— Nada original.

— Perdão?

— Que imbecil envia a uma mulher como você rosas comuns?

— Você quer dizer... elas não são suas?

— Não. E o cara que as enviou mandou a secretária enviar essa porcaria. Provavelmente tem uma conta no florista e um pedido padrão. É um idiota.

— Você nem sabe de quem são. Nem eu sei. Mesmo assim, você acha que o cara é um idiota?

— Sim.

— Só porque as flores são rosas?

— Sim. Idiota. Estou certo disso.

Eu ri.

— Sua presunção me diverte. Eu vou me lembrar disso quando ler o cartão e descobrir quem é o responsável por este gesto doce.

— Gesto doce. — Ele deu uma gargalhada. — Isso não é o que você quer e você sabe disso.

Após oito horas de virar e revirar na cama na noite passada, eu estava começando a pensar que ele estava certo. Tanto quanto eu odiava admitir, eu
tinha pensado muito sobre Raphael  depois que ele me deixou. Repetindo mentalmente a nossa conversa sobre por que eu não poderia transar sem estar um relacionamento, eu tinha começado a duvidar de mim mesma. Talvez não houvesse nada de errado em transar com o homem por quem eu estava atraída. Por que preciso me prender em algum tipo de compromisso para desfrutar dos benefícios físicos de um relacionamento sexual? Eu tinha vinte e seis anos, não havia nada de errado com o sexo ser apenas sexo se isso fosse o que eu queria.

— Você ligou por algum outro motivo que não seja o de me dizer o que eu quero, Sr. Raphael? — Ele gemeu. — O quê?

— Eu gosto da maneira como você pronuncia “Sr. Raphael”. — Ele gemeu novamente.

— O que foi?

— Agora eu estou pensando na sua boca.

Eu ri.

— Você não é muito bom nessa coisa de amigo, não é?

— Eu lhe disse que você seria a primeira. É mais duro do que eu pensava.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕Onde histórias criam vida. Descubra agora