🔸️CAPÍTULO 09🔸️

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🔸️Louis

Completaram seis meses desde que cheguei em Londres, minha vida havia mudado muito e eu estava agora no protagonismo dele. Arranjei um emprego em uma Starbucks no centro da cidade, começarei a estudar próximo ano em uma escola pública bem conhecida do bairro. Tudo estava em ordem, Sra. Raela disse que eu podia permanecer na sua casa até quando eu quisesse. Ela havia se apegado muito a mim e me tratava como um filho, ela estava sendo a mãe que eu jamais tive.

Eu olho para os grande jardim a minha frente, haviam palmeiras imperiais que subiam ao alto, haviam flores lindas e árvores de todos os tipos. Eu estava sentado em um dos vários deck de madeira respirando o ar fresco e aproveitando o final de semana depois de uma semana cansativa de trabalho.

Me recordei do passado e um medo imenso de voltar para as garras do meu algoz me faziam tremer de medo. Um dia fatídico eu acordei de manhã com um pesadelo de meu tio me batendo quando eu era criança, eu tive uma crise de pânico... A Sra. Raela já tinha me mandado a uma psicóloga e eu estava tendo este acompanhamento, mas o que mais me ajudou na verdade foi ler a Bíblia. As mensagens de Jesus, o Cristo, me deram luz e força para continuar a jornada.

Hoje eu estou bem, bem melhor. Eu quero a todo tempo viver, rios de esperança brotavam de mim e saiam na forma de letras de músicas, mensagens, poemas, pinturas e principalmente o canto, Sra. Raela me fez entrar no grupo de coral da Catedral do Bairro e eu fazia aulas de canto, até que me saia bem. Por isso eu estava curtindo o meu momento sozinho e descansava pra recuperar as forças.

Me levanto do jardim e me dirijo a casa, ao entrar vejo que minha amiga ainda está nas reuniões da igreja, ela saiu sedo hoje para uma reunião que organiza um evento social para crianças em situação de vulnerabilidade. Vou até a cozinha e faço um pequeno sanduíche para o meu café da manhã, aproveito para cantar mais uma das músicas que compus.

Enquanto canto eu cozinho um belo almoço para a gente, faço um arroz com peças, farofa e uma carne ao molho branco, faço tudo com amor para a minha grande amiga. Hoje eu entendo por que ela chorava tanto no dia em que nos encontramos, ela sentia a solidão que seria viver em uma casa tão grande sem ninguém por perto, a solidão mata aos poucos os corações bons que precisam espalhar alegria aos que com amor os achega.

Quando termino tudo já são mais de meio dia, preparo a mesa e ponho tudo em ordem, fico esperando ela chegar, enquanto isso eu pego meu caderno de pinturas e comecei a desenhar livremente na folha, as linhas vai passando e aos poucos minha mente dá forma a um rosto, prossigo e vejo que ao final desenho um rapaz mais velho, penso ele de cabelos negros e olhos azuis, seu rosto era belo e seus lábios finos. Olho e percebo que desenho o homem que atendi naquele dia no restaurante...

- Louis, cheguei... Escutei Raela falando, os sons de seus pés pisando no tapete e a sombrinha sendo posta no suporte. Eu fecho o caderno e vou ao seu encontro, a dou um forte abraço e um beijo em sua cabeça. Ela me retribui.

- Como foi a reunião? Eu disse entrando na sala com ela.

- Foi exatamente do jeito que eu pensei, vamos fazer um belo Natal para as crianças mais carentes, tudo com os fundos da igreja local, será tão lindo... Disse ela sonhando acordada.

- Vai ser lindo, aposto, pode contar comigo para o que precisar. Eu afirmei e ela sorriu singela. Almoçamos e conversamos a tarde inteira sobre coisas da vida, a maior parte do tempo usávamos para ler e conversar sobre a vida, gostávamos de ir aos jardins e brincávamos as vezes, era tudo um sonho encantado.

Logo a noite caiu e ela teve que ir dormir, eu via que a senhora de mais de 60 anos estava ficando cansada pelas viagens e serviços da igreja, ela não era mais jovem, enquanto isso eu fiquei na cozinha terminando de arrumar. Inevitavelmente eu me peguei pensando quando eu fazia a comida na casa dos meus tios e pensei nos meus priminhos, como eles devem estar. Pensei se eles estavam se alimentando bem, se seus pais estão cuidando bem deles e o quão bem de saúde eles estão. Me pego triste por tudo que aconteceu.

Depois de terminar tudo eu apago as luzes da casa. Já era bem tarde e eu resolvo ficar na cozinha fazendo alguns deveres de casa, enquanto estudo atentamente sobre a história da segunda grande guerra eu escuto algumas batidas do lado de fora. Me levando e olho pelos vidros da janela e não há nada lá fora, fico olhando por alguns minutos e nada há de se explicar as batidas.

Estranho, deve ser algum animal. Eu digo baixinho.

Vou para a sala e vejo que tudo está calmo na rua a frente da casa, não vejo nada de estranho. Mas então uma pessoa bate na porta da frente, há essa hora da noite não é possível. O silêncio se faz presente e eu petrifico no local onde eu estou, sinto meu sangue faltar. Vou andando até a porta e vejo pelo olho mágico que há uma pessoa na entrada da casa, ela deve ter passado pelos portões de ferros do jardim e entrado na território.

Olho mais atento e vejo que se trata de uma moça nova e bem bonita, ela veste um sobretudo negro. Vejo que ela parece com frio, então eu coloco a corrente de segurança no suporte da porta e abro um pouquinho. A moça que permanece no seu lugar, vejo que ela segura uma mala.

Vovó, desculpa o horário, mas eu tive que vir antes do dia, as aulas acabaram mais cedo... Disse a menina, ela era linda de fato, olhos azuis, bochechas vermelhas pelo frio e muito elegante. Eu abro a porta e fico na sua frente.

Quem é você? Ela diz assustada.

PAIXÃO POSSESSIVA I [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora