49 - Solitude

29 2 0
                                    

Ao sair do lava-jato, pudiamos ver as viaturas indo pro local, bem depressa.

- Falei que essa porra ia dar certo! - deu um sorriso apertado nos lábios e bateu com a mão no volante em forma de comemoração.

Eu ria igual criança e CG acompanhava, parecia uma grande piada boa!

- Mano, tamo rico, caralho! - bateu no meu assento comemorando.

- Vamo pra casa! - liguei o som do carro e abri os vidros, sentindo a liberdade.

O real valor da liberdade. Aliás, eu acho que o que eu sentia era isso... Finalmente sem Patrick e seus fantasmas, sem a delegada e sem nenhuma preocupação. Eu tinha dinheiro o suficiente pra poder recomeçar do zero, pra nunca mais precisar trabalhar. O que eu ia fazer com tanto dinheiro?
Eu não tinha noção de por onde começar. Ou recomeçar, sei lá!

Chegamos na antiga casa do Patrick e esvaziamos o carro. Depois, CG foi no alto do morro e desmontou o carro, colocou fogo na carcaça e em nossas roupas.

- Tem um tanto de nota velha e rasgada, mano... Essas aí já separa que depois o CG queima. Não tem o que fazer. - concordei enquanto ajudava a separar as notas boas e as ruins.

Após esse longo trabalho, me dei conta de que já era quase de noite mas mesmo assim fiquei e durei até onde conseguia, depois dali, só queria ver o Rato no casamento dele e nada mais.
Contamos as notas naquele contador automático que o CG tinha e dividimos o dinheiro em quatro partes, a gente não podia deixar pra lá a parte do Vilmar.

- Eu tô exausto. - reclamei.

- Olha a hora também... - Rato sussurrou quase sem forças e encarou o relógio. - Mas tá feito, porra! - sorriu alegremente. - Nós tá livre, Playboy!

Ele ficou de pé e começou a comemorar pulando e jogando as notas pra cima, fazendo toda aquela bagunça que ele sempre fez. Confesso que tinha saudade de ver ele assim!
Desci o morro com uma mala de viagem, aquelas de pendurar no ombro. Acendi as luzes de casa e guardei a mala com cuidado debaixo da cama.
Finalmente eu ia dormir em paz, ia dormir sem medo do amanhã...

A realidade, é que eu sentia que precisava comemorar de alguma forma mas não podia ser nada muito chamativo, os porcos estavam procurando os suspeitos do roubo. Por isso, eu tinha que ser delicado e cauteloso.
Não pensei em nada de festas, minha comemoração de felicidade era fuder e de tristeza também, eu precisava só procurar uma puta disponível.
Já que amor é só de mãe.

Tomei meu melhor banho, lavei até as quinas do corpo imaginando uma danada me lambendo em cada centímetro. Quase que eu toquei uma no banheiro pra esquentar mas me mantive focado em desperdiçar meu tempo com uma cachorra qualquer...

- Vamo lá em, Felipe. Ficar cheiroso... - passei o perfume no pescoço e nos pulsos. - Pra outra se apaixonar!

Fiquei me encarando por alguns segundos antes de sair do quarto. Puxei todo o ar do ambiente e catei as chaves da moto antes de soltar o ar, fui pra garagem e peguei a moto. Sai do barraco e subi pro morro.

- Oh, porra. Você não ia dormir? - Rato especulou.

- Ah, mano... Eu preciso transar. - ele riu.

- Tu me mata, Playboy. - jogou as chaves do antigo carro do Gentil na minha mão. - Vai lá, eu sei muito bem de quem você vai atrás. - revirou os olhos.

- Vai se fuder... Você vai ver se eu vou atrás de alguém. - dei dedo do meio e sai do barraco do Patrick, pronto pra entrar no carro.

Liguei o som e o ar-condicionado, fiquei mexendo no celular por alguns minutos, até que o carro gelasse o suficiente pra eu poder ir.
Em uma das redes sociais, vi Natacha postar foto com aquela sua amiga safada e por alguns segundos imaginei a possibilidade de um trio, igual da última vez mas alguma coisa mudou, parecia que eu não queria mais dividir nada e nem ninguém, muito menos ser dividido.
Travei o maxilar.

- Aí como eu tô careta. - rangi os dentes e neguei com a cabeça.

Dei partida no carro e fui andando no morro, procurando alguém pra fazer sabe-se lá o que.
Juro por tudo que a vagabunda que saísse comigo hoje, ia se sentir nas nuvens, hoje o pai tava bem romântico. Papo de hidromassagem e tudo, tá?!

Fui até uma das biqueiras e peguei as 25g pra minha curtição de noite.
Estacionei o carro de frente de um boteco e desci pra comprar um cigarro.
Cumprimentei alguns conhecidos que estavam lá e me direcionei até o caixa com o maço de cigarro e o copo de uísque em mãos.
Notei que a noite ia ser só eu e assim fiz acontecer, fui na direção do motel mais caro da cidade.
Entrei com cuidado na garagem e seguida, liguei a hidromassagem, coloquei a melhor música.

Enquanto o ar do quarto gelava, tirei a camisa e bolei um baseado. Conferi a temperatura da água e ajustei pra um pouco mais quente, tirei a roupa e fiquei só de cueca, abri um Chandon que estava no pequeno frigobar e fiz um boomerang postando no story.
Ri de mim mesmo, a solidão até que estava sendo bacana!
Com o baseado aceso nos lábios, escolhi a melhor taça e coloquei na beira da hidro, junto com o champanhe.
Tirei a cueca box de cor clara e me sentei na hidromassagem.

- Que dia... - fechei os olhos e escorei a cabeça na beira da hidromassagem.

Eu precisava relaxar, eu paguei pra isso, era isso que eu queria!
A música preenchia o ambiente, coloquei no volume máximo e traguei o baseado com calma, como se fosse o último da minha vida, e sério, parecia o melhor beck do mundo!
A porta do quarto foi aberta com um chute, ela bateu na divisória de vidro que estourou dentro da hidromassagem e eu tomei um puta susto. Em um pulo me levantei, com o beck na boca e a taça em mãos.

- QUE PORRA É ESSA?! - meu grito quase foi mais alto que a música.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Onde histórias criam vida. Descubra agora