60 - Retrocesso

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Diversão era o nome daquela desgraça de mulher.
Ela fazia de um jeito que me lembrava a outra, só que de um jeito ruim, já que não era a outra.
Seu beijo era gostoso, tinha gosto de saudade com um pouquinho de sutileza, ela sabia muito bem o que fazer e como fazer.

- Vamos fazer essa noite inesquecível? - ela estava se empenhando pra que fosse minha melhor noite.

Mal sabia ela, que seria a melhor noite dela.

- Vou cuidar de você. - eu estava deitado na cama e ela já estava abrindo minha calça jeans.

Já estava duro, sem muita enrolação. Quando ela abriu a calça, praticamente meu pau voou na cara dela, o que me soltou alguns sorrisos.

- E se eu cuidasse de você? - ela me encarou de baixo pra cima. - A gente não vai brigar, né loira? Eu tô pagando...

Ela negou com a cabeça e soltou minha calça, se afastou devagar mas ainda não tirava os olhos do meu pau.
Ergui o corpo e terminei de tirar a calça, tirei o tênis e a camisa, fiquei de pé e tirei os acessórios, olhei pra loira que me fitava de cima a baixo com uma curiosidade no olhar.

- Ajoelha, vem. - chamei com a mão, de um jeito quase fofo e vi ela vindo com sede ao pote. - Assim não. - repreendi amargamente. - Ajoelha e vem.

Ela arfou em um sorriso, deu meia volta e tirou os saltos dos pés, ajoelhou vagarosamente e sem tirar os olhos dos meus, ficou de quatro com a bunda bem empinada, do jeito que eu imaginava que fosse e engatinhou na minha direção lentamente, deixando aquele sorriso de piranha na cara.
Aos meus pés, ela olhava pra cima e eu pra baixo, apoiou as mãos no meu joelho e brincou com sua língua na minha coxa, contorci o corpo sentindo o rastro úmido que ela deixou.

- Pode chupar, é seu agora. - abaixei o pau duro em sua direção e assim, a loira engoliu ele inteiro, até eu sentir sua boca bater no meu saco.

Meu Deus... Eu falei que ela ia partir meu coração.
A noite foi sinistra, ela fazia tudo o que eu mandava e o que eu não mandava, ela inventava e dava certo. Valeu a pena meus oitocentos dinheirinhos, foi uma foda única e incrível, sugou toda minha energia e eu pude me libertar com ela, diferente do que eu faria com a Camila.
Aliás, eu não podia falar metade das coisas que falei pra loira pra Camila, tenho certeza que eu ia matar a jovem do interior.
Como que eu ia falar; vai, cachorra, fode essa pica enquanto ela cavalgava por cima, com metade da cara vermelha de tanto tapa na cara e o chumaço de cabelo no meio dos meu dedos?
NÃO DÁ. No mínimo, eu ia matar ela do coração, ou de vergonha.

- Ok, a conta ficou em três mil, cento e oitenta e dois. Crédito ou débito?

- Dinheiro. - a atendente logo me olhou com um sorriso perverso.

Saquei o dinheiro do carteira e contei juntamente com a atendente, que brilhava os olhos a cada nota de cem.

- Obrigado e... E volte sempre.

Ela era gostosa. Todas daquela casa eram! Apesar de gostar de mulheres mais velhas, fui atraído por todas, mas confesso que a moça do caixa fazia mais meu tipo.

- Eu só não te levo pra casa hoje porque tô cansado.

Ela riu em concordância. Ela queria, eu sei... Mas dessa vez, quem não podia era eu.

- Aí, mano... Pensa numa mulher gostosa, que isso. - passou a mão em delírio pelo cabelo. - Não sei, a buceta dela era diferente. - TH contava enquanto eu me mijava de rir no volante. - Meu pau deve tá esfolado, certeza! O teu tá?

Não aguentei e acabei de rir mais alto, fui acompanhado pelos outros dois no banco de trás.
Fui ouvindo ele falar asneira até chegar na porta da casa dele, logo ele se despediu e agradeceu pela noite que nunca tinha tido na vida, me senti o verdadeiro cafetão e isso fez bem pro meu ego.
Dirigindo de volta pra casa, conferi o celular e tinha muitas mensagens de Camila, tipo umas 13 e eu não queria abrir nenhuma.
Guardei o carro na garagem e quando fui sair, o celular apitou com outra mensagem. Qual é, eram quase cinco da manhã... Me deixa.

"Você desapareceu o dia inteiro, Felipe. Tá tudo bem? Devo me preocupar com nosso lance?"

Camila

Ainda com a porta do carro aberta, apertei o volante e soltei a respiração pesada. Tinha tido uma noite muito boa pra ser verdade... O que eu ia fazer? Como que eu ia responder?
Será que é considerado traição? Eu nem sei mais... Já tô atrapalhado das ideias.
Entrei pra casa com o celular em mãos e tratei de responder as cinco da manhã.

"Tive um péssimo dia, desculpa a ausência. Nada que você deve se preocupar, não é com você... Sou eu no momento."

As vezes eu gosto muito de ser homem, da pra usar várias desculpas sem pés e nem cabeça. Só que não era bem uma desculpa... Era a verdade, só precisava deixar ela acreditar nisso agora.
O domingo veio, eu consegui dormir feito um anjo e não consegui sonhar com a delegada... Graças a Deus, a loira do puteiro deu conta do recado!
Acordei atrasado pro almoço e o interfone tocava sem parar.

- Já vai, caralho. - gritei estressado.

Andei rápido pelo corredor, o cheiro de cachaça me irritava agora, passei a mão na cabeça diversas vezes tentando abaixar o cabelo espetado. O samba-canção caído, quase mostrava o que não devia ser visto na luz do dia, tudo ainda rodava mas mesmo assim eu insisti em ir ver quem era.

- Camila? - cerrei os olhos por conta da luz forte do dia.

- Não sabia que você tava dormindo... Eu volto outra hora. - segurei seu braço antes que pudesse sair correndo.

- Entra. Preciso só de dois minutos, vou me ajeitar. - dei espaço pra que ela entrasse e assim fez.

Ela entrou na sala, deixando seus chinelos na porta e sua bolsa em cima do sofá. Passou o olho rapidamente pelo apartamento, eu notei que estava procurando alguma coisa.

- Eu tô sozinho. - dei de ombros. - Se era isso que você tava procurando... - revirei os olhos.

Deixei Camila sozinha na sala e fui cuidar da minha higiene matinal.
Depois de uns vinte minutos, eu estava novo em folha, pronto pra próxima.
Chegando na sala, Camila estava sentada no sofá, meio apreensiva.

- O que foi? - ela ergueu um cartão de visitas, que era impossível ver de longe, precisei chegar mais perto.

Era um cartão de visitas da boate de ontem, revirei os olhos com ele em mãos.

- Já foi lá? - ela me crucificou com o olhar. - O que? Não custa perguntar. Devia ir. É muito bom. - sussurrei pra mim mesmo.

- Você tá de sacanagem comigo? - agora ela aumentou um pouco a voz e me olhava com raiva.

- Não. - joguei o cartão de visitas no sofá e fiquei olhando pra ela com as mãos pousadas na cintura. - Camila, eu sou meio bagunçado. Por isso que a gente não vai ter nada sério... Tá legal do jeito que tá.

- Que jeito que tá, Felipe? Eu não sei. - ela pegou a bolsa com pressa. - Você é um puta de um moleque! - me empurrou e depois socou meu peito com a bolsa e toda força que tinha direito.

- Você não é a primeira que fala isso e nem a última. - outro soco no peito.

- Escroto!

Camila se virou pra porta, calçou seus chinelos depressa e agarrou a maçaneta.
Imediatamente corri até ela, Camila foi se debatendo até o portão e eu tentando segurar seus braços.

- Volta aqui. - consegui segurar ela, que me olhava com os olhos fervendo. - Vamos almoçar juntos.

- Você é muito cara de pau! - negou consecutivamente com a cabeça. - Eu vou embora agora! - empurrou meu corpo mole, de novo.

- Tudo bem. - soltei ela e deixei que ela fosse.

Pela primeira vez não consegui conter uma mulher.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Onde histórias criam vida. Descubra agora