9 - Sensações

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Depois de gozar mais duas vezes com as cachorras, acabei dispensado aquelas beldades e tratei de dizer que ficaria com saudade daquela manhã.
Vingança pra Natacha? Não. Acasos da vida e culpa da erva!
Quando me encontrei sozinho percebi que tinha voltado a estaca zero. Precisava de uma posição daquela delegada, precisava saber o que o Patrick tava armando e precisava implorar pra que Bruna parasse de falar tanto daquele aniversário!
Os dias se passaram com lentidão e eu comecei a sentir uma severa falta do cordão da minha mãe, saber que ele estava pendurado em outro pescoço me deixava irritado.
Finalmente, faltavam apenas dois dias pro aniversário da Bruna e eu não estava nada ansioso.

- O Felipe leva as drogas! - Yan disse com empolgação.

- Tá me tirando? - prendi o cigarro na boca. - Eu lá tenho cara de quem leva B.O pros outros?

- Af, gente... Não precisa de sermão não. - falou a que nunca tinha nem puxado um beck.

- De qualquer forma, eu não prometo minha presença. - arfei fundo. - Tenho umas coisas pra resolver, não posso deixar pra depois.

Bruna concordou mas ficou chateada com minha falta de empolgação.
Naquela quinta-feira, o tempo era quente e todos estavam na rua.
Pude perceber a Bruna toda doida e empolgada convidando todos na saída. O que me fez pensar sobre aquela casa gigante, caberia todos ali numa boa.
Continuei movimentando a loja mas com um certo desânimo. As drogas estavam no fim do seu estoque, já que não havia mais ninguém pra ir buscar as drogas e prepará-las.
Os dois dias se passaram num piscar de olhos e ao acordar me dei conta de que era sábado. Bruna me lembrou do horário de sua festa pela milésima vez, só que dessa vez as sete da manhã.

- Tá bom, Bru...Na. - dei uma pescada ao atender o celular. - Eu vou! Só me deixa dormir mais um pou...

Acordei exatamente ao meio dia, fui acordado pelo cheiro do feijão no fogo. A barriga estremeceu!
Depois de tirar o samba-canção, desci pela escada estreita até a cozinha.
Enchi o prato de comida e sentei-me de frente a televisão.

- Tia... Hoje é aniversário de uma amiga! - engoli a comida depressa. - O que será que eu dou?

- Não acredito que você está namorando? - sua felicidade foi estampada num sorriso.

- Ai credo! Tá loucona? - ela riu. - Eu aqui me abrindo... Mas seguinte, ela tem um estilo meio gângster. Jogado...

- Eu não faço ideia do que é esse negócio de gangue. Ela é criminosa? - eu ri e depois ela me acompanhou.

- Provavelmente não. - fiz careta.

- Você é exagerado com presentes, Felipe! Mas do que ela gosta?

- Eu sei lá, cara... - franzi a testa e joguei o beiço pro lado. - Eu devia pagar algum alisamento pro cabelo dela. É fora do normal aquilo, cê nem tá ligada...

Ficamos ali horas decidindo o que comprar pra Bruna, já não aguentava mais dizer pra minha tia como ela era. Carla pareceu encantada com a garota, eu em.
Já se passavam das cinco quando decidi sair pra comprar o seu presente. Tratei de me arrumar, pegar todas as coisas importantes, comprar o presente e ir direto pra casa da Bruna. Chegaria um pouco adiantado mas acenderia um beck na calçada antes de tomar coragem pra tudo aquilo. Odeio aniversários, você já deve saber o motivo!

- Ta bonitão, em! - Carla passou me medindo. - E cheiroso!

Por conta da noite fria que estava pra vir, coloquei uma calça jeans, tênis confortáveis e um moletom qualquer. Seria demais se eu dissesse que a Glock estava na cintura?
Mas até que estava nos trinques!
Vi uma loja de roupas e acabei decidindl de última hora o presente da Bruna, fala sério... Mulheres adoram roupas, não é?
A moça embalou pra presente e eu terminei de descer o morro. Foi quando avistei novas viaturas parada, impedindo o caminho de alguns carros.
Fui, novamente, abordado para revista.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Onde histórias criam vida. Descubra agora