52 - Sem Direção

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Eu não me importava de gozar... Apesar de querer muito, Sandra pareceu satisfeita quando caiu pro lado e me abraçou. Foi estranho.
Ela dormiu... Não lutou pra ir embora, muito menos fez greve com o sono pra ficar me observando aprontar qualquer coisa que ela achasse que eu fosse fazer. Só que eu não consegui dormir, nem sequer pestanejei, foi uma longa noite.
Ainda mais quando eu parava pra ouvir sua respiração, quando ela ronrovana feito uma gata selvagem sonhando com alguma coisa vazia ou fantasiosa da mente dela.
Só foi estranho dormir assim com ela...

Pude ver o dia clarear e eu precisava levantar e ir embora, tudo bem quea pernotei venceria só ao meio dia mas mesmo assim, eu não podia ficar mais nenhum segundo do lado da Sandra. Seria perigoso pra mim.
E pra ela.
Essa história mal assombrada já estava indo longe demais!

Levantei com cuidado e fazendo caretas sem soltar nenhum pio, aquela merda de perna ainda estava doendo pra caralho. Acho que ia demorar a cicatrização dessa merda.
Procurei minha cueca e vesti sentado, rezando pra não pegar na coxa machucada, a calça entrou do mesmo jeito, na base de oração.
Vesti a camisa mais depressa e levei o tênis na mão, sai do quarto de fininho sem acordar Sandra. Entrei no carro e liguei o mesmo. Ao passar na recepção, acertei tudo o que tinha ficado pra trás e pedi só que avisassem ela antes de dar o horário pra ela pudesse se organizar devagar.

Antes que eu saísse do quarto, deixei um bilhete breve pra Sandra.

"Espero que a gente não se encontre nunca mais.
Ou sempre."

Ardia meu coração lembrar dessa noite e eu não podia sentir isso.
Voltei pra casa, desativei todas as redes sociais e quebrei todos os chips, guardei os celulares nas gavetas mais fundas que minha tia Carla tinha.

- Alo?! - eu estava no telefone fixo da casa. - É da casa de veterinária? Pode mandar um aqui? - entreguei o endereço e só aguardei.

O veterinário chegou e logo perguntou do bichano.

- Seguinte, chefe. Tomei um tio na coxa, da pra conferir os pontos?

O veterinário sabia muito bem quem eu era e ele jamais me negaria esse pedido. Abaixei as calças e deixei que ele olhasse com toda calma do mundo.

- Olha, tá tudo bem. Os pontos estão bem dados, você só precisa tomar remédio que logo isso vai curar. A diferença é que o ponto não vai dissolver, então cuidado pra sua pele não se aderir. Tenta tirar antes.

- Beleza! - entreguei o valor combinado e me despedi do rapaz.

Depois de um banho quente e tranquilo, fiz um breve curativo naquele machucado e mantive ele seco pra que acontecesse uma cicatrização mais rápida. Eu iria precisar das minhas pernas pra ir embora daqui!

- Cadê as chaves? - Rato veio me fazer uma visita.

- Tá lá na mesa da cozinha. - eu estava esticado no sofá.

- Mano, ainda bem que você tá se aposentando, você não ia durar nem mais dois anos. - negou com a cabeça.

- Bla bla bla. Vai ver se eu tô na esquina, Rato. - fechei os olhos. - Preciso dormir, vai embora.

Rato saiu rindo e me deixou quieto naquela manhã.
Tive um sonho estranho, onde eu me declarava pra Sandra. Parecia tão real que eu acordei assustado, atrasado pro almoço e de pau duro de novo.

- Que merda! - apertei o mesmo, tentando fazer ele dormir de novo.

Encarei o teto por alguns segundos, o corpo cansado me impedia de levantar mas eu precisava reagir.
Fui na cozinha e fiz um sanduíche com os restos de algumas coisas que não estavam na geladeira, apesar de serem restos, até que ficou um lanche bacana. Andei até o quarto, mastigando o lanche, e tirei todas as malas possíveis daquela casa, estava pronto pra arrumar minhas coisas de forma definitiva.
Comecei pelas blusas e partes de baixo, fui para os tênis, camisas de frio, bonés e finalmente objetos.

EU VIM DA RUA - MC Kevin (Kevin Bueno)Onde histórias criam vida. Descubra agora