Capítulo V • Doce e Cuidadoso

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~ 11 de Fevereiro ~
~ Sábado ~

Hoje completa exatamente dez dias que estou aqui, resguardada do mundo externo nesse apartamento idiota que eu e Dabi compartilhamos desde sempre. ― digo isso, pois minha memória falha e, sinceramente, não me recordo de quando vim morar aqui com ele.

No começo, estava tudo indo até bem. Ficar em casa, mesmo que trancada, tendo que dar uma de faxineira geral, cozinheira e limpadora de vaso sanitário não parecia ser tão ruim. Era até divertido, se formos focar apenas nas partes "boas" da coisa.

Podia fazer um lanchinho, ligar a TV e ficar assistindo minhas séries sem qualquer perturbação. Dabi quase não ficava em casa. Saía cedo, às vezes antes mesmo que eu acordasse, e só voltava no meio da noite, quando eu já estava dormindo.

Ou seja, não passávamos muito tempo juntos. E foi aí que passei a odiar ficar trancafiada aqui.

Não aguentava mais aquela rotina de dona de casa. Eu não sou uma simplória e humilhada mãe de família, p*rra! Eu sou Key Meimi! A vilã do Japão Socery!

Caralh*! Como eu deixei me colocarem nesse patamar tão desprezível?!

E eu nem sei o exato motivo, para contribuir com meu sofrimento. Dabi só me obrigou ficar em casa e aqui estou. O real fato que desencadeou isso tudo, eu não faço ideia.

[ 05:00 A.M. ]
| No mesmo apartamento, com Dabi |

Decidi que conversaria com ele. Hoje. E sério.

Não aguentava mais ficar presa aqui, e Dabi precisava me entender. Ele me ama, tem que me entender.

Por isso, acordei mais cedo hoje. Quando despertei, escutei o chuveiro. Ele está no banho, então logo vai sair. Fui rápida, vesti uma camisola, chinelos e, fingindo uma sonolência que não possuía, me arrastei para a cozinha.

Enquanto preparava um café, pude ouvir os passos pesados dele invadirem a cozinha. Por um instante, percebi que ele parou bruscamente, como se tivesse se assustado com a minha presença ali, porém, relevei, deixando uma xícara daquele líquido energético natural para ele sobre o balcão.

Dabi: perdeu o sono? ― sela minha testa, rapidamente. ― você nunca acorda tão cedo.

Key: é. Eu posso ter perdido mesmo. Não sei ao certo. ― tomo um único gole de meu café, enquanto Dabi já havia terminado o seu. ― para onde você vai sempre? Tão cedo? Quase não nos vemos direito.

Dabi: trabalho. ― diz imediatamente, me dando sua xícara com a mesma destreza. ― lave-a, falou?

"Lave-a"? Ele quer que eu lave sua xícara? Como se fosse uma empregada?!
Mas... qual o problema dele?!

Key: eu não sou serviçal de ninguém, sabia? ― resmungo, irritada.

Dabi pouco se importou com o que resmunguei, e ele tinha ouvido. Eu sei que tinha. Ele sempre me ouve, até quando sussurro besteiras que não devia.

Dabi está me ignorando, da forma mais fria possível.
Mas... por quê?

Key: Dabi, eu não estou gostando disso. ― deixo aquelas louças sobre a pia e vou até ele, já próximo da porta de nosso AP. ― eu... eu quero sair daqui. Por favor.

Dabi: os heróis estão atrás de você, Key. Será que você não entende o perigo, cacet*? ― veste seu casaco, pronto para sair e me abandonar ali mais uma vez.

Key: não, Dabi. ― imploro e o pego pelo braço, com firmeza. ― você que precisa me entender. Eu... eu não aguento mais ficar presa aqui. Eu quero voltar para os assaltos, para a Liga e seus planos. Dabi, por favor! Me escuta por um...-

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora