Capítulo I • Peças

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• 7 Anos Depois •
~ 28 de Janeiro ~
~ Sábado ~

[ 13:45 P.M. ]
• Key Meimi, 26 anos:
| Pelas ruas de Musutafu, Japão |

Sabia dos meus deveres para essa tarde, e que muitas pessoas contavam com minha carinha de inocente e inofensiva, mas eu não podia deixar aquilo passar batido.

Nunca a cidade esteve mais linda. Pelo menos, ao meu ver.

Com essa vida corrida que levo, tenho pouco tempo no dia para apreciar as belezas de Musutafu, mas hoje, logo hoje, estou tempo um tempinho de sobra.

É inverno aqui.
As árvores estão com uma visão mais decadente, com galhos retorcidos e secos. Porém, a neve tem o poder impressionante de transformar esta tal feiúra em uma belezura inigualável, tomando conta de boa parte dos galhos, das folhas que ainda restam firmes e do chão, logo abaixo do tronco.

As calçadas ficam escorregadias, e o cuidado ao caminhar é dobrado, o que faz o fluxo acelerado do centro da cidade diminuir drasticamente. É a mesma coisa com as avenidas. Os pneus, por mais calibrados que estejam, não dão conta da neve e dar uma de Dominic Toretto por aí é roubada na certa.

Principalmente por isso que amo essa época, essa estação. Tudo fica mais tranquilo. Tudo fica mais em paz. Todos aderem a velocidade das tartarugas, e dão um tempo na velocidade dos mísseis.

Entretanto, algo mais me chama atenção nessa época: os "errados" da coisa, como eu, podem extravasar um pouco mais.

Aguardei o último cliente do estacionamento sair e finalmente entrei. Se tratava de uma loja que comercializava peças fresquinhas vindas da própria fábrica. Não me liguei no nome, pois não era o meu trabalho vir até aqui e me tornar uma cliente recorrente. Só vou fazer o que me foi proposto e cair fora.

Atendente: posso ajudar? ― ele diz assim que me enxerga ali, retirando superficialmente algumas neves presas aos tecidos de minhas roupas.

Enquanto me livrava das luvas grossas, da touca quentinha e do casaco imenso que vestia, percebendo o clima mais ameno ali dentro, e colocava as peças em um cabideiro logo ao lado de um velhinho Noel ― certamente, uma moldura natalina ainda não retirada ― chequei meus arredores.

Estava tudo limpo. Apenas dois atendentes. Um já me reconheceu aqui, e o outro está apenas repondo o estoque nas prateleiras.

É, pelo visto, vai ser mais fácil do que imaginei.

Atendente: do que precisa, senhora...?

Key: Natsu. Senhora Natsu. ― minto, apoiando-me de forma simpática no balcão. ― e você?

Atendente: Masato, prazer. ― ele sorriu com sinceridade, revelando suas delicadas covinhas. ― e então? O que a traz hoje para a nossa Loja de Fábrica Yamamoto?

Ah, o nome daqui é esse.
Legal. Sabia, não.

Key: bom... Eu queria ver umas peças. É que... eu estou reformando a cozinha de casa e meu marido vai precisar de umas peças especiais para os armários embutidos. As que temos estão muito velhas. ― proclamo a história ensaiada, vendo que ele caiu nessa fácil, fácil.

Atendente Masato: entendo, senhora Natsu. ― ele pega uma caixa logo abaixo do balcão, no mesmo instante em que reajustei minha arma em minha cintura. ― podemos até dizer que nosso faturamento geral se resume apenas por essas peças fora do prazo de validade. Isso rende muito. Não é mesmo, Ren?

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora