Capítulo VI • Culpa Minha

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[ 20:04 P.M. ]
| Logo em frente ao prédio em que mora |

Já se passava das oito da noite. Eu sabia que já, mas implorava para não ser verdade. Implorava para que o relógio dele estivesse errado, ou até uma hora atrasado.

Naquele instante, quem eu menos queria avistar era ele. O outro ele, que mais cedo foi frio e deixou-me, como normalmente deixava, machucada debaixo do nosso próprio teto.

Dabi não pode chegar agora. Não pode estacionar o seu carro logo aqui, na frente do prédio em que vivemos. Não, enquanto ele estiver por perto.

Não era engano ou falta de atenção minha. Até porque, faria um baita sentido ele estar logo ali. Dinamight é um herói noturno, pelo o que sei. Ele age como o Batman das telonas da DC.

Seria compreensível que ele estivesse por essa região, que antes ecoava os gritos de uma pobre senhora, prestes a ser assaltada e golpeada por um vagabundo de quinta.

Admiro sua bravura e comprometimento com sua profissão arriscada e importante, mas, aparecer aqui nesse momento, não me ajuda. Tenho uma senhora em meus cuidados; Dabi está vindo me buscar com seu carro; estou logo em frente ao prédio em que moro com o Dabi e minha aparência não está diferente, a não ser pelas minhas vestes de gala.

Dinamight já me reconheceu e não vai desgrudar de mim. Disso eu tenho certeza absoluta.

Preciso dar um jeito nisso aqui. Urgentemente.

Key: senhora? ― chamo a sua atenção e me abaixo, ficando de seu tamanho. ― ligue para algum de seus parentes e os peça para vir até aqui te buscar, sim? Essa área, nesse horário, é bastante perigosa.

Vendo que a senhora havia realmente me entendido e já estava alcançando seu celular em sua bolsa grandiosamente espaçosa, aproveitei a deixa e agi rápido, abandonando a frente de meu prédio quase de imediato.

Sabia que não era uma das melhores ideias que poderia ter, mas foi o que me veio de primeiro momento.

Talvez percorrer essas ruas, sem rumo, somente para distrair aquele maldito herói, serviria apenas para piorar a minha vida nessa maldita cidade, e sujar ainda mais meu nome, mas, pelo menos, manteria meu AP e o amor de minha vida à salvo e fora de qualquer suspeita.
Era só isso que me importava.

Não é esse o maior significado do amor?
Colocar os outros à frente de você? Se f*der, acabar com o seu sorriso, para ver os outros bem e felizes?
Bom, é o que vou fazer a partir daqui.

Anda rápido.
Anda rápido.
Anda rápido.

Ele não pode te pegar.
Não pode te prender.
Dabi não vai gostar.
Ele não vai gostar mesmo.

Com um caminhar frenético por aquelas calçadas mal feitas, zelando para não tropeçar com aquele sapato feito para pisos mais civilizados, virei rapidamente em uma esquina. Mantendo-me cabisbaixa, mas atenta ao meu redor, respirava fundo, acreditando que estava servindo de uma boa distração para aquele herói idiota ― ele não pode desconfiar que moro ali, não pode.

E não estava enganada.
Servi mesmo de uma boa distração, pois, antes mesmo que parasse para perceber o que me acontecia, tive o meu antebraço puxado por uma força muito maior.

Era ele. Eu sabia que era.

Fui forçada contra um muro, ficando entre ele e ele. A dor nas costas foi leve. Suportável, para ser mais sincera. Bem diferente da que sofri ao ser empurrada contra a porta de meu próprio apartamento hoje mais cedo.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora