Capítulo XIX • Jato

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~ 25 de Fevereiro ~
~ Sábado ~

E, mais uma vez, o meu mundo capotou e minha vida também. No mesmo ritmo. Na mesma intensidade.

Agora, já não estou mais sobre os cuidados e abaixo do teto da adorável Recovery Girl. Estou aqui. No segundo prédio mais alto do Japão, em um andar tão elevado do nível do mar que chega a me causar náuseas ― embora eu só esteja aqui há poucas horas.

Sozinha? Claro que não.

Pelo o que Bakugou minimamente se deu ao trabalho de me informar, os heróis estão focados, agora que eu estou "em segurança", na tal máquina de destruição em massa que os malditos vilões tanto me falaram ― e que eu tive o prazer de repassar aos heróis, é óbvio.

Acredito que, pelo andar da carruagem, precisarei passar por um interrogatório sobre tal entediante, e preocupante, fato. Porém, não estou nem um pouco preocupada, ou com a intenção, de f*der a minha mente com essa besteira.

Há algo muito mais importante do que isso se repetindo e se repetindo em minha mente.
Eu garanto.

Não estou nem há 24 horas debaixo deste teto grã-fino, e já quero me ver fora dele.

Não é nada pessoal, eu juro! Por mim, se não estivesse com essa maldita ideia avassaladora na cabeça, eu ficaria de boas aqui, mas... eu sinto que preciso me resolver. Me resolver absolutamente. Com tudo e todos. Sem exceção!

Eu pensei bastante, quase que a noite toda. Estou decidida do que quero, e confio fielmente que nada, no mundo, mudará isto.

Argh...
Só sei que quando eu contar isso ao Bakugou, e demonstrar o quanto estou determinada em ter o que desejo, ele vai me chamar de uma idiota de primeira. Ah, eu sei que vai.

[ 08:40 A.M. ]
| Em um apartamento de classe alta, na Zona Norte de Musutafu |

Bakugou: você só pode 'tá brincando, p*rra! ― começou. ― você é o quê, hein?! Uma idiota de primeira, cacet*?!

Eu não falei que ele me chamaria assim? Eu disse, 'né?

Liah: ah! Chega de dar show, vai? Nem é tão ruim assim. ― digo despreocupada, mas logo me arrependo, só de reparar no olhar repressor que o Pavio-Curto me mandou. ― eu não estou sendo imprudente, falou?

Bakugou: ah! Mas é claro que não está! Imagina se estivesse, 'né caralh*?! ― ironiza e eu apenas reviro os olhos, recostando-me no pilar localizado logo ao meio daquela sala. ― você acha que é brincadeira tudo isso aqui, não é p*rra? Depois de tudo o que rolou, depois de todos esses anos na merda, você ainda não entende e não amadurece! P*ta. Que. Me. Par*u!

Ah, pronto! Agora o lance dele é igualar "desejo por se reconciliar com seu passado totalmente f*dido" com "imprudência e imaturidade"?! Vai se f*der!

Liah: não confunda as coisas, okay? ― ele faz aquele irritante som com a boca e me ignora, passando direto para a cozinha. ― escuta aqui! Eu não sou imatura, ouviu bem?! NÃO SOU!

Bakugou: aham. 'Tá, p*rra. Falou. ― simplesmente diz, com total desdém.

Respirei fundo, sentindo uma onda gigantesca de inquietação mesclada à raiva e frustração me consumir e me afogar em segundos.

Eu não posso desistir tão cedo. Eu sei do que quero, e Bakugou sabe que é o meu direito. Eu sei que ele tem ciência disso, me basta apenas utilizar os argumentos certos e convencê-lo. E o melhor, eu confio em meu potencial. Se depender do meu mais profundo desejo e determinação, ainda hoje estarei em outro continente e em outro país, inspirando e exalando outro ar.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora