Capítulo XXIII • Almoço

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~ 26 de Fevereiro ~
~ Domingo ~

A noite de ontem tinha tudo para terminar de uma maneira ruim, constrangedora e absolutamente revoltante. Entretanto, tudo mudou. De repente. E graças a ela.

Zaya é uma menina de ouro, uma daquelas que se é difícil de encontrar nessa geração apocalíptica e, quando se encontra, deve cuidar para não ferir ou magoá-la de alguma forma.

Foi isso o que tentei fazer enquanto estava ao lado dela, procurando conchas em plena noite aconchegante de um litoral. Se não tivesse ouvido dela o que houve com os seus pais, nunca adivinharia. Seu sorriso, sua faceta e o brilho dos seus olhos mostram uma menininha inocente, que não sabe o que é o mal em uma sociedade como essa.

Eu sei que não é a verdade.
Ela pode ter trancafiado os seus sentimentos com relação as mortes dos pais em um local de difícil acesso, ou simplesmente, mesmo sendo tão nova, tenha adquirido maturidade e conseguido relevar a saudade, a falta, e o tempo juntos que se foi perdido.

Sei muito pouco dela, pois passamos pouco tempo juntas, porém, tive essa percepção logo que a olhei nos olhos e a ouvi.
Zaya é uma garota especial, e eu sinto que... preciso estar ao lado dela. Não sei como explicar essa sensação de dever direito. Eu... eu naturalmente sinto.

Embora eu ainda não esteja pronta para ficar cara-a-cara com o Edgar e a Agatha de novo ― meu possível pai e madrasta ―, graças ao medo das minhas expectativas não passarem de babaquice e eu acabar me iludindo profundamente, pela Zaya... eu faço todo e qualquer sacrifício. Por ela e sua infância genuína.

[ 09:27 A.M. ]
| Acomodada no sofá da sala, do apartamento |

Já estou aqui há mais de meia-hora, contando no relógio.

Meu café da manhã foi uma maçã bem vermelha da fruteira. Não estava a fim de ter que me preocupar em sair daqui, de procurar nos armários xícaras, canecas e ingredientes para um café mais adequado.

Liguei a televisão e cá me encontro, assistindo à uma espécie de reality show. Bom... Pelo menos é o que eu acho. Não tenho certeza, pois minha mente não está focada naquilo que se está sendo transmitido na tela.

Eu admito. Liguei esta televisão idiota para parecer que realmente estou interessada no conteúdo dela, e não no que penso, penso de novo e repenso mais uma vez na minha cabeça.

É como uma distração, só que não funciona como deveria.

Imaginar e perceber o quanto minha vida se transformou nesses poucos dias, é muito mais conveniente para se refletir do que um reality show idiota. Porém, pensar tanto assim faz minha cabeça doer, minha paciência se esgotar e meus neurônios sofrerem uma pane hora ou outra ― essa é a parte ruim da coisa.

Bakugou: toma. ― sua voz, de timbre tão grave e firme, ecoa por toda a sala de estar, surpreendendo-me por um breve segundo.

Antes mesmo que pudesse avistá-lo com os olhos e entender essa sua aparição repentina, tive o meu campo de visão tomado por uma caneca, visivelmente cheia, e que ainda se era segurada por ele.
Café de cortesia? Essa é nova.

Bakugou: vê se curte, falou? É cappuccino, mas do gelado. ― avisa, já dando um gole no seu, enquanto eu ainda acomodava a caneca em mãos.

Liah: ah... Obrigada. ― agradeço, um tanto sem jeito pela atitude inesperada. ― você que fez?

Bakugou: podemos dizer que sim. ― acomoda-se no sofá ao lado do meu e dá mais um farto gole naquele líquido, em tempo suficiente para eu fazer o mesmo. ― eu ordenei à cafeteira e ela apenas seguiu o que pedi. Basicamente.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora