Capítulo XXXI • Resgate

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~ 13 de Março ~
~ Segunda-feira ~

[ 14:36 P.M. ]
• Liah:
| Hospital Central de Vitória |

Não conseguia enxergar quase nada de primeiro momento.

Minha visão estava opaca e turva. Mas ainda assim, eu pude identificar os ponteiros do relógio acima da porta, que indicavam um horário mais do que tardio para se despertar. Além de boa parte do meu redor, revelando um quarto hospitalar bem feito e até mesmo aconchegante.

Se não fosse pelas dores em meu corpo e a sensação de haver um elefante sobre meus pulmões, poderia aproveitar esse aconchego um pouco mais.

E então, como um surto indesejado e repentino de recordações, tudo me veio à tona:

Toshiro era Dabi...
Zaya sequestrada...
Chamas...

Liah: Za... Zaya... ― chamo por ela, um tanto quanto desesperada.

Ignorando totalmente minhas dores, a completa falta de força e o tal elefante sobre meu peito, tentei me reerguer daquela cama. Obviamente não seria o recomendado pelos médicos, mas não há nenhum aqui e posso fazer o que me der na telha.

Em meio a gemidos que não consegui conter diante das dores em todo meu corpo, consegui me sentar naquela cama e, utilizando o que me restava de força, livrar meu rosto daquela máscara de oxigênio idiota.

Até tentei fazer o mesmo com os fios daqueles aparelhos médicos, mas era um tanto quanto difícil pensar onde puxar quando a sua mente não te dá um tempo, e mantém uma ideia culposa sobre si.

Zaya... Eu preciso... preciso encontrá-la... Zaya! ― minha consciência gritava, levando o meu nível de adrenalina à um patamar extremo.

Liah: Za-Zaya... Za... ARGH! ― eu estremeço, sentindo uma dor insuportável atingir-me nos braços ao me apoiar neles.

Me contentando com única posição onde não sentia nenhuma dor, observei meus braços com atenção. Ambos estavam enfaixados e remediados, mas doíam em uma ardência excruciante. Visões daquelas chamas azuis me cercando tomaram conta de minha mente e eu enfim entendi.

Dabi queria me queimar viva, me matar da forma mais dolorosa que creio existir nesse mundo. Entretanto, eu consegui sair de lá, e sobreviver, ficando apenas com algumas queimaduras de terceiro e quarto grau pela minha pele.

Agora, resta uma questão: eu nunca conseguiria sair de lá sozinha, então... o quê ou quem me ajudou?

De súbito, logo que terminei este questionamento mental, escutei a porta do meu quarto hospitalar ser destrancada e em seguida aberta. Esperava avistar uma enfermeira ou médico, mas quem invadiu meus aposentos foi ele. Sempre é ele.

Naquele instante, todas minhas dúvidas foram respondidas, e com clareza.

Meus olhos encontraram os dele antes mesmo que minha consciência pudesse perceber e processar a ação. Meu coração adiantou suas batidas aceleradas e eu senti um suspiro de alívio abandonar meu peito. Sim, alívio. Alívio por vê-lo entrar por essa porta, e não outra pessoa. Alívio por ter a chance de admirar aquelas suas pupilas escarlates mais uma vez em minha existência.

Pude perceber seus músculos enrijecerem na medida em que a porta se era fechada e o ambiente do meu quarto, antes público, se tornar totalmente privado para nós dois. Somente nós dois. Admito que também estremeci com a ideia da tal privacidade, mas creio que ocultei melhor do que ele. Bom, eu espero ter ocultado.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora