Capítulo XXXIV • Confiança

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[ 17:00 P.M. ]
| Ainda naquele quarto hospitalar |

Às vezes, parece que o universo cisma contigo de uma maneira tão negativa que, em menos de segundos, tudo desmorona.

Eu senti e sobrevivi inutilmente à isso, algumas horas atrás.

A merda está conspirando tanto contra mim, que não me lembro de mais nada depois das palavras do médico, dando-me parabéns unido a um pedido de desculpas, pois não sabia que eu não sabia da minha própria gravidez.

Acho que desmaiei, perdi a consciência, me desesperei e precisei de uma daquelas injeções que dão nos filmes para pessoas loucas, para que se acalmem e possam ser presas na cama sem agredir mais ninguém.

Queria muito agredir alguém agora. Arrumar uma briga, ou seja lá o quê. Vai que levo um golpe muito forte na barriga e esse bebê desaparece? Seria possível?

Tsc... Do que adianta imaginar, não possuo tamanha coragem para meter o soco na cara de alguém e não desviar do outro em meu abdômen.
Seria uma baita humilhação, não concordam?

Já estava acordada fazia alguns minutos, acredito que vinte ou quinze, mas não importa. Passei tanto os vinte ou quinze da mesma forma, imóvel, abraçando meus joelhos, encarando o nada e enfrentando a repetição daquela maldita palavra em minha cabeça. Grávida, grávida, grávida, grávida... Nunca odiei tanto uma palavra na minha vida como essa.

Logo ele reaparece, sem bater na porta. Não o encaro, mas sei que ele está me encarando, se perguntando o que falar e o que fazer para me ajudar. Mas nada vai me ajudar. A não ser uma coisa, porém pensar nela já é muito cruel e dizer aqui está fora de cogitação.

Escuto a porta ser trancada e os passos do Katsuki pelo chão.

Não sei se estou emotiva por causa da maldita gravidez, mas quando sinto seus dedos percorrerem meus cabelos e seus lábios selarem minha testa, eu desabo. Total e melancolicamente.

Bakugou: ei... ― me puxa para si e eu escondo minha face em seu peito, desabafando em meio as lágrimas. ― o médico não vai falar nada para os seus pais e nem para mais ninguém, se é isso que te preocupa, p*rra. Será um segredo só nosso. Confia em mim, falou? Vai dar tudo...-

Liah: é sério que você está achando que eu vou gerar essa criança? ― me afasto dele e seco as lágrimas, sendo mais firme no que estava prestes a declarar. ― eu vou abortar, Bakugou. Será o melhor para todo mundo e...-

Bakugou: como é, caralh*? ― ele interrompe-me e eu enxergo no brilho dos seus olhos sua indignação e extrema repulsa. ― você está maluca, p*rra? Essa criança não vai ser abortada, ouviu?! Não enquanto eu estiver ao seu lado!

Liah: você estando ou não ao meu lado, não faz diferença, Katsuki! ― respiro fundo, tentando não surtar antes do indicado. ― eu não quis dizer que você não é importante, 'tá? É o completo contrário, mas... Argh. O corpo é meu, Bakugou. O útero que está gerando essa criança indesejada é meu! O que faz a decisão do que fazer com ela totalmente minha, sacou?

Bakugou: eu não vou permitir! Você não vai fazer isso, Liah! NÃO VAI! ― afirma, pressionando-me contra minha própria decisão.

Será que ele não entende? Meu Deus! Onde a mente desse cara está?!

Liah: você está ouvindo o que está dizendo, Bakugou. VOCÊ ESTÁ OUVINDO?! ― ele rosna e se afasta, caminhando de um lado para o outro do quarto, com as mãos apertando sua nuca em desespero. ― eu preciso abortar essa criança.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora