Capítulo XXIV • Zaya

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[ 11:30 A.M. ]
• Bakugou:
| A caminho da casa dos Dias |

É o segundo semáforo em que paro desde que deixamos o condomínio, e Liah ainda não disse nada. Absolutamente, nada.

Não que eu esteja preocupado, mas... quando ela cala a boca dessa forma, pode ter certeza que por coisa boa não é. Isso, sim, me deixa angustiado.

Faz tempo que não adivinho o que passa em sua cabeça. Perdi o jeito com ela. Ela mudou e eu mudei. Todos esses anos que passamos separados foram péssimos. Para mim. Para ela. E para nós dois. Não sei mais o que ela imagina, e não consigo mais decifrá-la.

Do instante em que a avisei que ela precisava se arrumar para o almoço que íamos na casa dos Dias até este exato segundo, são estritamente uma hora e meia de distância.

Faz uma hora e meia que ela não fala nada que reflita o que está sentindo dentro de seu peito.
Faz uma hora e meia que estou tentando encontrar coragem para usar as palavras e tentar aliviar meu maldito coração apertado.
Faz uma hora e meia que estou em um dilema do inferno!

Bakugou: você está... bem? ― pergunto, embora veja em suas unhas ruídas há pouco tempo que não há nada "bem" aqui. ― olha... Relaxa, falou? Vai... vai dar tudo certo, p*rra. Confia.

Eu não sou de encorajar ninguém quando está claro a merda que arranjou, mas, aqui e agora, eu preciso me esforçar.

Se Liah não ter confiança em si mesma agora, quem terá por ela?

Liah: você está me encorajando. Katsuki Bakugou está encorajando alguém. Tsc! Eu estou na merda mesmo. ― contorno o quarteirão, próximo a casa dos Dias, com lentidão, apenas para ganhar tempo. Para ela. ― eu ainda não estou pronta, Bakugou.

Bakugou: claro que está. No fundo, você sabe que está. ― afirmo, rápido demais. Já 'tá saindo do controle. Esse nervoso dela está passando para mim, cacet*. ― não tem como acabar ruim, falou? Eles... eles sofreram demais quando você "se foi". Ficarão loucos quando virem que tudo não passou de farsa.

Liah: mas, é isso o que me preocupa! ― a olho de relance, vendo seus olhos brilharem, não pelo brilho natural, mas, sim, pelas lágrimas. ― eles... eles ficarão muito abalados e... e se acharem que eu abandonei eles? Que eu estava viva esse tempo todo e não me dei ao trabalho de vir revê-los? E se eu não conseguir me explicar? Eles vão me odiar e eu nunca poderei cuidar da Zaya que precisa tanto de alguém e... Ah, p*rra.

Se eu pudesse, eu a traria para os meus braços agora e voltaríamos agora para aquele apartamento. Eu a beijaria como nunca antes, a chamaria de "amor da minha vida" e prometeria amá-la e não sair de seu lado até o fim dos tempos.

A parte ruim disso, é que não posso. Não enquanto ela ainda se sentir a outra Liah com relação aos seus sentimentos.

Estacionei o carro na primeira vaga que encontrei naquela avenida, pouco me f*dendo se uma das rodas subiu na calçada ou se acertei o carro a frente.

Não poderia dirigir por mais nenhum quilômetro enquanto ela continuasse a ser refém dos seus pensamentos inapropriados e chorasse silenciosamente naquele banco, achando que não notaria seus ombros se sacudindo com certa frequência.

Liah: e-eu... eu não vou... ― não a deixo terminar aquela frase. Retiro os nossos cintos de segurança e a puxo contra mim.

Avancei meus dedos em sua nuca e suas mechas de cabelo perfumadas, trazendo-a para mais perto de mim a cada soluço choroso que ouvia deixá-la e ecoar pelo veículo.

De Repente, Você. (O Reencontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora