A chegada

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James começou a tossir um pouco, o que acordou Harry. Estava anoitecendo, a neve era aparente e caía do céu. Harry reconheceu a cidade nas vezes que visitava seu pai quando pré-adolescente. Estavam chegando. Ligou o celular, vendo várias mensagens de Suzy, sua melhor amiga, e havia até uma chamada perdida dela, ele bocejou desbloqueando a tela com reconhecimento facial e entrou no Whatsapp.

Suzuki:
Espero que você tenha uma boa explicação pra simplesmente sumir o dia todo, seu babaca!!!!!!

Ele riu da mensagem e começou a digitar uma resposta.

Harry:
Oi, Su
Desculpa, eu precisava de um tempo
Está tudo bem, eu já cheguei na cidade
Já já chego no condomínio e te mando mensagem
Mexer no celular enquanto tô no carro é uma bosta, eu passo mal

Bloqueou a tela, olhando para fora. Em seus fones de ouvido haviam músicas aleatórias, e em sua mente tinha alguns pensamentos. Sabia que a cidade em que seu pai morava havia muitas escolas de mesquinhos metidos a ricos, sabia também que James jamais deixaria ele estudar em uma escola pública. Pensando bem, Harry não se importava muito com que escola ia estudar, quer dizer, seu maior sonho já foi por água abaixo, não tinha nada a perder.

Enquanto olhava para fora, viu algumas casas com pisca pisca de natal, pensou se aquele ano o tempo passaria rápido. Era tão novo quando visitou a cidade de seu pai que não tinha nenhum tipo de recordação de quase nada, só de seu antigo quarto grande e vazio. Ele se sentiu triste, de repente.

Não demorou muito para que James começasse a tentar aliviar o clima, ligou o rádio do carro mesmo sabendo que seu filho não ia escutar música. Dava para ver em seus olhos esmeraldas como estava ficando ansioso, por alguns instantes Harry se sentiu também.

- Filho, podemos conversar antes de chegarmos em casa? - Ele perguntou, Harry tirou apenas um fone e abaixou a música, James então viu como um sinal para prosseguir. - Bem, você sabe que agora com o seu meio-irmão as coisas serão um pouco diferentes... Não quero te aborrecer, mas seu antigo quarto agora é do bebê. - Harry sentiu vontade de revirar os olhos, mas não o fez. - Nós colocamos tudo que você precisa no sótão, acho que é um bom quebra-galho até conseguirmos terminar a reforma do quarto de hóspedes.

- Ok. - Harry disse quase colocando o fone de volta, mas seu pai voltou a falar.

- Eu sei que você não gosta de Briana, mas por favor se esforce um pouco para ser agradável com ela, ela tem ficado sensível com a gravidez e...

- Eu entendi. - Harry interrompeu. - Não se preocupe, não tratarei ela mal.

James pareceu pensar um pouco, mas concordou com a cabeça.

- Olha filho, sei que esses últimos anos eu tenho sido um péssimo pai, mas prometo que vou melhorar. Briana disse que seria legal se eu fizesse terapia, ela falou que seria bom para nosso 2024. - James suspirou. - Eu sinto muito pela sua mãe.

- Não, você não sente. - Harry disse rindo. - Mas obrigado pela terapia, fico feliz que enxergou que o problema é você e não eu.

James olhou para ele e depois voltou a olhar para estrada. Harry colocou seu fone de volta sem se importar se James falaria mais alguma coisa. Era difícil para ele aceitar que depois de tantos anos sendo ausente, James finalmente quis ser seu pai só por causa do falecimento de Lily.

Número um | Drarry (pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora