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N/I:

Oi, tenham a mente aberta~!

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Não era como se convivência fosse sinônimo de vínculo afetivo.

Seonghwa não mantinha contato com algumas pessoas, não frequentemente, e isso não anulava o laço que possuíam por consequência, por bem ou por mal. Ele estava se questionando sobre isso quando levou um susto assim que Yeosang afundou na poltrona ao lado, dentro do carro.

Ainda absorvendo que estavam se encontrando após semanas, cauteloso, Seonghwa voltou-se para Yeosang e suspirou ao entrar em contato com sua natureza refrescante e beleza imensurável. Os cabelos dele eram escuros e apresentavam um comprimento considerável, coberto por um boné branco. Ele não havia se vestido adequadamente para aquela ilustre ocasião. Usava um moletom preto, calça jeans e All Stars preto surrado.

Repentinamente, Seonghwa constatou que preto era a sua cor favorita. Ele adorava azul, mas preto soava mais atraente.

Com dois meses de gestação, não era como se algum contorno fosse mudar muito na aparência de Yeosang. Ele não engordou, não ganhou mais volume nas bochechas, apenas teve a concessão de bons aspectos como pele reluzente e cabelos sedosos. O que o diferencia dos outros dias, fisicamente, era um inchaço tímido em seu abdômen. No entanto, era quase que imperceptível. Yeosang estava bem, parecia saudável.

— Antes que você brigue comigo, eu esqueci de comparecer ao último ultrassom.

O ultrassom do primeiro mês.

Yeosang sabia que os procedimentos eram importantes para Seonghwa. Contudo, honestamente, precisou tirar um tempo. Ele queria assimilar sua decisão final e se acostumar com a ideia sem surtar. De fato, ele decidiu que não enxergaria a sua paternidade indesejada como o fim do mundo. O problema estava exatamente em ela inevitavelmente fidelizar a presença de Seonghwa em sua vida.

De longe, não estavam em um relacionamento. Eles conviviam, na verdade. Desde o último encontro dramático em que discutiram e perderam ao menos dez anos de vida cardíaca, Yeosang apenas informou por ligação que estava bem em seguir em frente e que estava com medo. Seonghwa ficou tão nervoso, que desligou a chamada e nunca mais retornou.

Por isso, ambos não se encontraram para irem juntos ao consultório médico realizar os procedimentos do pré-natal. Yeosang postergou, ele foi negligente de propósito. No segundo mês, Seonghwa o ligou e pediu para acompanhá-lo — ele marcou as consultas periódicas, cuidando de absolutamente tudo e sem comentar com Yeosang, que se sentiu irritado por ter sido abandonado. Se Seonghwa não fosse constante, se ele não pudesse ser consistente em seus posicionamentos, Yeosang não iria se dar ao trabalho de tentar contar com ele.

Seonghwa era obcecado por trabalho, pelo mundo jurídico, tudo fora disso estava longe de ganhar um foco relevante. Ele se sentia mal por isso, porque sabia que estava agindo como um idiota porque ele tinha mais problemas internos do que vontade de resolvê-los. Tentava e tentava muito; por isso ele nunca quis colocar ninguém em sua vida, não gostaria de prejudicar outra pessoa com suas manias, seus bloqueios e os demais sintomas relacionados a sua condição.

— Não vou brigar com você — respondeu calmo, ligando o carro. — Sinto muito por não ter ligado.

Para Seonghwa não era difícil pedir desculpas e reconhecer um erro, mas ele detestava lidar com as consequências de suas ações insensíveis. Ele tinha tempo para refletir sobre a paternidade, porém Yeosang não teve esse espaço, essa alternativa, e isso era injusto.

RAINBOW  |  WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora