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Hongjoong se sentia deslocado em um ambiente entupido de jovens bêbados que sacudiam seus corpos conforme o ritmo da música que estourava as caixas de som e perturbavam a vizinhança.

Ele pagou o taxista e saiu um pouco tonto do automóvel, ajustando alguns fios de cabelo colorido para ter certeza que sua aparência estava impecável. Puxou as mangas de sua jaqueta estilosa e não muito estofada porque o propósito da peça de roupa de cores chamativas era ser elegante com um teor rebelde, exibindo as tatuagens espalhadas em seus braços.

Hongjoong se lembrava que ele mesmo tatuou o primeiro desenho em sua pele; era uma corvo nada elaborado, mas que mesmo assim lhe despertava orgulho e era sua predileta. Possuía flores como rosas e ranúnculos, metade do rosto de uma escultura grega do Michelangelo e "O gesto de Deus" ou "A criação de Adão", uma borboleta, alguns traços em mosaico construindo um rosto aleatório de uma pessoa visivelmente em colapso, Eros e Psiquê com os dizeres "Evil" abaixo, um pedaço de "O Anjo Caído" onde estava a criatura celestial mais bela de todas; o crânio de uma caveira, pena de ave, uma guitarra e uma nota musical, uma espada quebrada, uma cobra, todos sombrios e de linhas pretas, em uma composição harmônica ao mesmo tempo que caótica, assim como a sua essência.

Havia bastante informação. Se lembrava perfeitamente sobre sua motivação para pintar cada uma delas, e na maioria dos casos, ele apenas permitiu que desenhassem o seu braço com contornos eternos porque estava "afim".

Não chegou a ir muito longe em sua carreira de tatuador, porém, Mingi vez ou outra insistia que devesse retomar, pois era o melhor quando se tratava de desenhar e ilustrar, aptidão em desenho digital e colagens. Pintura impressionista era a sua favorita. Mingi até mesmo havia permitido Hongjoong tatuar uma flor de lótus na ponta das costas, beirando a nuca. Era simples e seus traços eram finos e delicados, de contornos esbeltos e que combinavam com a natureza calma de Mingi. Ele prometeu que encontraria outras ideias para Hongjoong marcar a sua derme com a sua arte, e prometeu que não iria mostrar a lótus em suas costas para qualquer par de olhos.

Hongjoong estava com um sentimento sombrio esgueirando em seu peito. Ele olhava para os arredores da festa na república movimentada e de arquitetura majestosa — marcando que apenas a elite a frequentava — como se não compreendesse o que Mingi estava procurando. Havia escutado da boca dele que existia um motivo, porém, Hongjoong via o seu estômago revirar com todas as hipóteses que giravam dentro de sua cabeça.

De todo modo, Hongjoong queria proteger Mingi e não avaliava um ambiente regado a álcool, drogas e jovens inconsequentes como o melhor para preservar a pureza imaginária de Mingi.

— Bu!

Hongjoong sofreu com um sobressalto quando duas mãos agarraram seus ombros. Mingi pulou em sua frente enquanto engasgava com uma risada, saudando-o animadamente com um gesto usando a mão. Ele estava usando um dos bonés de Yunho  cobrindo os seus fios com mechas loiras; suas vestes eram pretas e não fugiam muito do costumeiro, mas o seu cheiro era cítrico e Hongjoong desejou afundar o seu rosto no pescoço dele a fim de perseguir o aroma que relaxava os seus músculos e o fazia ficar menos tenso em um cenário que já lhe trouxe problemas no passado.

— Mingi-ah... Eu levei um susto, achei que era um cara maluco querendo que eu vendesse maconha pra ele — soltou um suspiro audível, colocando a mão no peito. Mingi riu, negando com a cabeça. — Você já bebeu? Podemos ir embora então?

Mingi esticou as duas mãos e agarrou os braços de Hongjoong, usando suas digitais para tatear as linhas negras formando desenhos bonitos em sua pele lisa. Ele encarou um ou outro com um sorrisinho e elogiou mentalmente o quão bom era o gosto por tatuagem do outro. Hongjoong geralmente vestia roupas de mangas longas; era um evento poder prestigiar suas inúmeras tatuagens espalhadas pelos braços que o deixavam ainda mais interessante.

RAINBOW  |  WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora